Você já reclamou de produtos que não duram tanto quanto deveriam? Ou já se preocupou com o lixo gerado pelas embalagens dos produtos? Bem, o modelo de negócios de produzir bens em que há a expectativa de se tornar obsoletos a fim de estimular vendas futuras pode estar com os dias contados. E atualmente algumas empresas reutilizam seus próprios resíduos e os de outros de formas inovadoras.
Enquanto o acúmulo de lixo global cresce, uma nova — e prática — ideia é adotada: administrar empresas livres de resíduos, nas quais produtos e embalagens usados são reaplicados na produção de novos itens. Isso se chama economia circular.
Por que circular?

A Revolução Industrial criou um modelo linear de manufatura eficiente e rápida de produtos — progressivamente com datas de deterioração predefinidas — sem preocupação com as consequências ambientais. Historicamente, as indústrias usaram recursos geralmente insustentáveis, fabricaram coisas e descartaram o que sobrava de forma prejudicial ao meio ambiente.
Mas, em uma economia circular, os fabricantes usam recursos sustentáveis para fazer produtos duradouros que possam ser renovados, reutilizados ou reciclados para criar novos produtos em casa ou para que possam ser vendidos a outras indústrias para readaptações. Produtos do lixo se tornam fontes de energia renovável. É circular porque as empresas “fecham o ciclo” — conservam recursos do início ao fim.
Por que disruptivo?
Participar de uma economia circular é “disruptivo”, porque significa fazer negócios de novas maneiras.
Para os fabricantes, significa adotar padrões ambientais que podem ter sido desprezados anteriormente, a menos que impostos às empresas por regulação governamental.
Para o setor de serviços, significa inventar novas empresas que reduzam o lixo. Por exemplo, as empresas podem fabricar e, em seguida, arrendar refrigeradores ou máquinas de lavar diretamente para as pessoas, além de manter e substituir os equipamentos como parte do acordo. (Isso já acontece na “economia compartilhada” de pessoa a pessoa, na qual as empresas ZipCars e Getaround oferecem aluguel de carros de curto prazo e a Spinlister permite às pessoas alugar bicicletas para os vizinhos.)

As empresas podem encontrar ajuda à medida que se readaptam. O Instituto Cradle to Cradle Products Innovation* capacita fabricantes para lucrarem com práticas ambientais e materiais. O instituto certifica sabonetes para as mãos, cosméticos, produtos de limpeza doméstica, tecidos e materiais de construção como itens ambientalmente corretos.
Indo além da reciclagem
A fabricante de lâmpadas Phillips está conscientemente migrando* para um modelo circular. Seu programa-piloto inclui a oferta de máquinas de ressonância magnética aos hospitais no modelo pay-for-use (pague para usar) — no qual se paga de acordo com o uso do equipamento em vez de adquiri-lo. A empresa também mantém, remodela e reutiliza seus próprios produtos.
A Energizer produz novas baterias a partir de sua linha EcoAdvanced. “Criando o mercado para os materiais reciclados, ela diminui a necessidade de explorar novos materiais (…),fator que contribui muito para os gases do efeito estufa”, diz Scott Cassel, do Instituto Cradle to Cradle Products Innovation.

A fabricante de móveis Ikea, a Coca-Cola (líder da indústria alimentícia ) e as gigantes tecnológicas Google, Cisco Systems, Hewlett-Packard e Dell figuram entre as empresas que estão se tornando circulares. Governos na Bélgica, na Dinamarca, na Escócia e em Taiwan também mostram interesse.
As indústrias de vestuário H&M e Speedo usam tecidos reciclados em suas peças. A Aquafil firmou parceria com a Speedo* para criar um tecido sintético reciclado superior para reuso a partir das sobras da produção de roupas de natação da empresa.
E para os fashionistas que querem usar uma roupa diferente a cada dia, há até empresas como a Runway Rentals, que aluga peças de alta costura… e as mantém em circulação.
*site em inglês