Em 2001, o refugiado sudanês de 15 anos Gai Nyok chegou aos Estados Unidos. Em setembro de 2015, ele estava se preparando para representar sua terra adotada como diplomata recém-formado.
Nyok foi um dos 20 mil “Meninos Perdidos”* que fugiram da guerra civil sudanesa no fim da década de 1980. Para escapar da violência, ele cruzou a Etiópia e Uganda antes de se juntar a outros 100 mil refugiados no Quênia em um campo de refugiados da ONU.
No campo, Nyok teve contato pela primeira vez com diplomatas americanos. Eles o trataram “com dignidade e respeito”, relembra Nyok.
Depois de várias entrevistas na ONU e com autoridades americanas, Nyok foi um de cerca de 4 mil Meninos Perdidos que recebeu asilo nos EUA.
Ele morou com uma família adotiva na Virgínia e logo se formou em uma escola de ensino médio com excelentes notas. Depois Nyok se formou em Economia e Relações Internacionais pela Universidade da Comunidade da Virgínia.

Mas a adaptação à vida nos Estados Unidos não foi fácil. A começar pelo idioma: Nyok falava inglês, mas às vezes tinha dificuldade em entender sotaques locais, e as pessoas tinham dificuldade em entender seu sotaque.
Houve outras adaptações.
“No Sudão e na África Oriental, os jovens, quando falam com uma autoridade ou com alguém mais velho, as pessoas não os olham nos olhos”, disse. Nos Estados Unidos, é um sinal de respeito olhar as pessoas nos olhos, comentou.
“Mas felizmente eu tinha meus amigos americanos do time de futebol [do ensino médio], portanto não levou muito tempo para me adaptar totalmente ou quase totalmente”, disse Nyok.
Hoje, Nyok está aprendendo espanhol ao se preparar para sua primeira missão do Departamento de Estado — na Embaixada dos EUA em Caracas, na Venezuela.
“Espero ser um bom funcionário do Serviço de Relações Exteriores, ser capaz de fazer meu trabalho e servir meu país da melhor maneira possível”, disse. “Espero ser capaz de inspirar outros jovens, não apenas novos americanos, mas pessoas que se tornaram americanos há muito tempo.”
* site em inglês