Estudantes e jovens profissionais europeus se reuniram recentemente em centros em vários países da região dos Bálcãs — Montenegro, Bulgária, Macedônia e Bósnia e Herzegovina —, na Alemanha e na Estônia para falar sobre a Otan como um especialista na aliança militar e civil formada por 28 países.
Eles fizeram perguntas a Lawrence R. Chalmer, por meio de videoconferência, em uma entusiasmada discussão sobre relações internacionais. Chalmer, ex-professor da Universidade de Defesa Nacional, ministra palestras sobre a aliança e conversou com o grupo como um cidadão privado.
Confira aqui alguns trechos do debate, editado por motivo de extensão:
P: Céticos em relação à Otan geralmente dizem que a neutralidade é uma opção mais barata para Montenegro. Essa é uma opção realista?
R: Não acho que um país e, certamente, seus cidadãos possam ser neutros hoje. Os países que se dizem politicamente neutros enfrentam os mesmos desafios – ou até maiores – que o restante de nós. O terrorismo, por sua natureza, envolverá todos.
P: Ouvimos a retórica política, nos EUA, de que outros membros da Otan deveriam contribuir mais. A Estônia se considera um grande contribuinte, destinando 2% de seu PIB (para a defesa).
R: Dois por cento é praticamente um “refrão” repetido pela sede da Otan há muitos anos. A maioria dos 28 países não atingiu isso. Essas são metas. Em qualquer conflito, com qualquer desafio, temos o que os colegas chamam de um envolvimento do tipo “venha do jeito que você é”. Aprendemos a trabalhar juntos como uma aliança, para que ninguém precise dar tudo, porque nenhum de nós é financeiramente capaz disso por períodos longos ou em todos os lugares. A Estônia, merecidamente, tem orgulho do que gasta em defesa.
P: A Otan deveria considerar agregar mais membros na Península Escandinava para manter controle sobre a Rússia na região dos Bálcãs?
R: Isso é uma decisão dos países escandinavos, como qualquer outro país que manifesta interesse em se tornar um membro. A Otan não faz proselitismo.
Além disso, a Otan trabalha com países que não fazem parte da Otan em quase todas as suas atividades ao redor do mundo. Temos parceiros estratégicos que acham útil, para seus próprios objetivos, trabalharem com a Otan em atividades particulares, seja em uma operação militar ou um projeto científico.
P: Quais são as obrigações de um país que se torna membro da Otan?
A: As obrigações são aquelas que seu país, como nação soberana, decidir. A Otan não é uma organização supranacional. Não impõe tributos, não impõe tarefas. Pode pedir, mas cabe aos próprios países decidirem quais recursos querem fornecer.
Pode ser frustrante ser um aliado da Otan, porque ficamos nos pressionando e perguntando: “O que mais se pode fazer? Mas, como disse Winston Churchill: “Só há uma coisa pior do que lutar com os aliados: é lutar sem eles”.