EUA ajudam capital da Mongólia a saciar a sede de água

Quase metade da população de Mongólia, composta por 3 milhões de habitantes, vive na capital de Ulan Bator ou nos arredores da cidade. Nessa mesma região se concentra a maioria das indústrias nacionais. Tanto a população como as empresas precisam de água para prosperar.

A Mongólia, país sem litoral, já estava contando com a precipitação pluvial, que é baixa, e explorando excessivamente os recursos hídricos do Rio Tuul. O país enfrentava a probabilidade de escassez de água em três anos.

Uma parceria ambiciosa entre a Usaid, a Corporação Desafio do Milênio (MCC) e o governo mongol poderiam reescrever esse script e transformar a Mongólia em um modelo da Ásia Central em termos de conservação e reciclagem de água.

Os Estados Unidos fornecerão US$ 350 milhões ao longo de cinco anos e o governo mongol, US$ 111 milhões, a fim de manter a água fluindo das torneiras e as fábricas funcionando.

Modelo de reciclagem

O Pacto de Água da Mongólia incluirá uma usina de última geração para purificação de água e tratamento de águas residuais, 52 novos poços e novos aquedutos para abastecer a capital.

Ulan Bator quase triplicou em tamanho desde que a Mongólia derrubou o regime comunista em 1990.

Metade de sua população de 1,3 milhão vive fora do moderno centro da capital em tendas tradicionais de feltro nos chamados distritos ger (assentamentos precários). Em uma ocasião recentemente, dezenas de milhares de pastores nômades para esses distritos atraídos por uma oferta governamental de lotes de terra gratuitos.

“Foi muito importante abordar a questão do abastecimento de água”, afirma o embaixador mongol nos Estados Unidos, Otgonbayar Yondon. “Sem água, não poderíamos falar sobre desenvolvimento econômico ou sobre a melhoria do bem-estar dos cidadãos.”

Melhor qualidade de vida

A instalação de tratamento permitirá que as indústrias aproveitem a água residual reciclada para suas necessidades e disponibilizará mais água potável para o consumo da população. “Isso ajudará as áreas mais pobres. Haverá mais arranha-céus para as pessoas advindas de assentamentos precários. Elas se sentirão muito mais confortáveis do que nas tendas.”

Isso também ajudará a reduzir a poluição, que é um grande problema resultante do uso de carvão para o aquecimento doméstico durante o inverno gelado.

Esse é o segundo pacto da MCC com a Mongólia. Foram gastos US$ 285 milhões em projetos anteriores a fim de reduzir a pobreza e estimular o crescimento. “Ficamos muito contentes com o primeiro [pacto]”, afirma Jay Scheerer, líder de equipe da Mongólia.

O órgão independente adota uma abordagem duradoura e empresarial, impulsionada por análises de custo-benefício visando ajudar os países e atrair investidores privados. Em sua história, a agência assinou 36 pactos com 29 países no valor de US$ 12 bilhões.

Silhueta de cidade no horizonte com montanhas no fundo (© Thomas Peter/Reuters)
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O projeto de água de quase meio bilhão de dólares fornecerá água residual ampla e reciclada para uso industrial e liberará água potável (© Thomas Peter/Reuters)

O governo originalmente imaginou perfurar mais poços em áreas virgens ao norte da cidade até montanhas consideradas sagradas na cultura mongol e na região onde Gêngis Khan fundou o Império Mongol no século 12.

“Nossa análise os ajudou a entender que eles haviam maximizado os recursos hídricos a montante e precisavam se concentrar em adicionar poços a jusante”, afirma Scheerer.

O projeto vai impulsionar o suprimento anual de 2,2 milhões de metros cúbicos de água da cidade em 1,8 milhão de metros cúbicos. Somente a reciclagem de águas residuais para uso industrial vai liberar aproximadamente 400 mil metros cúbicos de água.

Se tudo correr conforme planejado, os novos poços e a usina entrarão em operação em meados dos anos 2020.