EUA e Egito protegem mausoléu no Cairo histórico

Homem retocando seção pintada do teto (Cortesia: Megawra)
O conservador-chefe Mukhtar 'Abd al-'Aziz trabalha na conservação do interior de madeira pintada da abóbada do Mausoléu do Imã Muhammad al-Shafi'i no Cairo, Egito (Cortesia: Megawra)

Com a ajuda dos Estados Unidos, especialistas em antiguidades do Egito têm trabalhado muito nos últimos anos visando conservar um ponto de referência valioso o Mausoléu do Imã Muhammad al-Shafi’i.

Batizado com o nome do jurista imã Muhammad al-Shafi’i, uma figura importante do islã sunita que morreu em 820 E.C., o mausoléu está situado no local conhecido como Cairo Histórico (uma região do Cairo classificada como Patrimônio Mundial da Unesco). Foi construído para marcar o túmulo do imã muito depois de sua morte e é coberto pela mais antiga e maior cúpula de madeira do Egito.

Interior de madeira pintada de uma mesquita (Cortesia: Megawra)
O interior de madeira pintada do Mausoléu do Imã Muhammad al-Shafi’i é mostrado após os esforços de conservação (Cortesia: Megawra)

A estrutura remonta principalmente a 1211, com elementos funerários de 1178 e acréscimos posteriores dos séculos 14 ao 19.

Como o mausoléu foi ameaçado pelo aumento de água subterrânea, o Departamento de Estado dos EUA concedeu uma subvenção do Fundo de Embaixadores para a Preservação Cultural* a fim de pagar por um projeto de conservação de duas fases que começou em 2016 e terminou no início deste ano, totalizando US$ 1,38 milhão. (Por meio do Fundo de Embaixadores, o Departamento de Estado já apoiou mil projetos em 133 países desde 2001.)

Reaberto em abril, o local é “um símbolo importante da história religiosa e da arquitetura islâmica do Egito, que está novamente acessível aos visitantes”, disse o embaixador dos Estados Unidos no Egito, Jonathan R. Cohen. “Este projeto faz parte do nosso investimento de US$ 102 milhões, nos últimos 25 anos, visando preservar, restaurar e proteger o patrimônio cultural e locais religiosos em todo o Egito.” 

O trabalho aprovado pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito, e realizado por uma equipe do escritório de arquitetura egípcio Megawra abordou áreas danificadas por umidade e sal devido à elevação do nível de água. Os conservacionistas consertaram fissuras que existiam no piso, na alvenaria, no mármore e na madeira, além de curvaturas nos tetos.

Colagem de três fotos de piso de mosaico de cerâmica antes, durante e depois de um processo de conservação (Cortesia: Megawra)
Uma seção do piso de mosaico de cerâmica é mostrada antes, durante e depois de um processo de conservação (Cortesia: Megawra)

O projeto incluiu: pesquisa estrutural, reparação e limpeza de frisos e inscrições decorativos, reforma de painéis exteriores de estuque e instalação de um sistema de iluminação. 

Uma joia arquitetônica e ponto de encontro

Além de sua cúpula, o mausoléu inclui elementos de madeira decorados tetos de caixotões, vigas entalhadas, portas com painéis e um cenotáfio de madeira de teca todos remontam ao século 12.

Duas fotos de cenotáfio de madeira antes e depois de um processo de conservação (Cortesia: Megawra)
O cenotáfio Malika Shamsa é mostrado antes e depois de um processo de conservação (Cortesia: Megawra)

Abrangendo cinco séculos, a sua opulenta policromia pintada de motivos vegetais e geométricos, e caligrafia, oferecem um vislumbre das tradições decorativas de épocas sucessivas. E seu pórtico de entrada possui detalhes ornamentais que são os mais bem preservados de seu gênero em seus respectivos períodos: piso em mosaico de terracota datado de meados do século 18 e portas embutidas em prata do século 19, emolduradas por um portal de mármore pintado. 

Há tempos um destino popular para turistas e residentes locais, o mausoléu rodeado por um cemitério igualmente famoso também é admirado por estudiosos de arte e arquitetura islâmicas.

Seção interna de mesquita mostrando trabalhos em madeira, paredes pintadas e lustre (Cortesia: Megawra)
O interior de um edifício é mostrado após processo de conservação (Cortesia: Megawra)

Na década de 1950, o renomado historiador de arquitetura K.A.C. Creswell descreveu o seguinte em seu livro Arquitetura muçulmana do Egito: “Ao entrar, fica-se impressionado com o tamanho do interior, bem como com sua riqueza e charme.”

A equipe de conservação enfatizou o valor econômico e social do local, preparando-o para atrair turistas e realizar atividades para os residentes locais. Essas atividades, administradas por organizações não governamentais e estudantes voluntários, têm revitalizado a atividade econômica na região e demonstrado a importância do patrimônio cultural para a comunidade

 Entrada mostrando as paredes de um pátio e o portão de uma mesquita (Cortesia: Megawra)
Entrada para o Mausoléu do Imã Muhammad al-Shafi’i (Cortesia: Megawra)

O Mausoléu do Imã Muhammad al-Shafi’i é “um dos edifícios mais bonitos do Cairo e um dos seus mais importantes locais de espiritualidade”, disse May al-Ibrashy, que orientou o projeto.

* site em inglês