Nikki Haley speaking at microphones (© Mary Altaffer/AP Images)
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, conversa com repórteres na sede das Nações Unidas em 20 de julho (© Mary Altaffer/AP Images)

Os Estados Unidos estão interrompendo todas as contribuições para a agência da ONU para refugiados palestinos e conclamando a comunidade internacional a encontrar novas maneiras de ajudar os palestinos.

“Os Estados Unidos não vão mais se comprometer a investir mais fundos para essa operação irremediavelmente falha”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, em uma declaração de 31 de agosto.

“Estamos muito conscientes e profundamente preocupados com o impacto [que terá] sobre os palestinos inocentes, especialmente as crianças em idade escolar”, disse ela.

“Essas crianças fazem parte do futuro do Oriente Médio. Os palestinos, onde quer que vivam, merecem mais do que um modelo de prestação de serviços que tem por base crises infindáveis.”

Os Estados Unidos vão intensificar o diálogo com as Nações Unidas, os governos anfitriões de refugiados e outras partes interessadas sobre novos modelos e abordagens, “que podem incluir assistência bilateral direta dos Estados Unidos e outros parceiros”, disse Heather.

Os Estados Unidos têm sido de longe o doador mais generoso da Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), criada em 1949 para ajudar os refugiados deslocados pela guerra árabe-israelense de 1948.

Os EUA contribuíram com US$ 359 milhões em 2017 para o trabalho da UNRWA, administrando escolas, prestando assistência médica e fornecendo outros serviços para mais de 5 milhões de palestinos em Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, no Líbano e na Síria.

A maioria das 5,4 milhões de pessoas referidas como refugiados é, na verdade, descendente dos refugiados que fugiram ou perderam suas casas na guerra de 1948.

Heather criticou a contagem “infinita e exponencialmente crescente” da agência da ONU sobre quem se qualifica para adquirir o status de refugiado. Ela disse que o modo como isso é administrado e financiado é “simplesmente insustentável”.

Em janeiro, os Estados Unidos cortaram seu último pagamento à UNRWA pela metade, para US$ 60 milhões, e notificaram a agência que não estavam mais dispostos a arcar com uma parcela desproporcional do fardo.

Heather elogiou a Jordânia, o Egito, a Suécia, o Qatar e os Emirados Árabes Unidos por se juntarem ao esforço, “mas a resposta internacional geral não foi suficiente”.

Os Estados Unidos contribuíram com US$ 6 bilhões para a UNRWA desde 1950 e mais de US$ 5 bilhões em assistência direta aos palestinos desde 1994. 

Em janeiro, o presidente Trump ordenou uma análise sobre se a assistência dos EUA aos palestinos servia aos interesses de segurança nacional dos EUA e se tinha valor para os contribuintes americanos.

O Departamento de Estado informou ao Congresso no dia 24 de agosto que estava cortando mais de US$ 200 milhões em assistência do Fundo de Apoio Econômico.

A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, em discurso na Fundação para a Defesa das Democracias em 28 de agosto, expressou frustração de que outros países no Oriente Médio proporcionam tão pouco financiamento para a UNRWA. “Se a região não investe nessas regiões, por que estamos sendo criticados por não investir nessas áreas? Eles têm de se envolver.” Nikki Haley ressaltou que os EUA têm sido o maior doador para a UNRWA. “Seremos parceiros seus, mas apenas com base em algo que vocês acreditam. Então, vocês nos mostram que se importam e, em seguida, voltaremos e decidiremos se vamos dar.”

Nikki também expressou preocupação com o fato de fundos da UNRWA estarem sendo usados ​​em parte para financiar livros didáticos contendo propaganda antiamericana e anti-israelense.

Os Estados Unidos têm criticado a prática dos funcionários palestinos de fazer pagamentos para as famílias daqueles presos ou mortos por cometer atos de terrorismo.

A UNRWA opera independente da Agência de Refugiados da ONU, anteriormente conhecida como Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que gasta quase US$ 8 bilhões por ano para ajudar 20 milhões de outros refugiados em 128 países. Os Estados Unidos contribuíram com US$ 1,45 bilhão para esse trabalho, o triplo da contribuição de qualquer outra nação.