
O Qhapaq Ñan — ou Sistema Rodoviário Andino — era a espinha dorsal do poder político e econômico do Império Inca, servindo como uma rede de comunicação, comércio e defesa.
Esse sistema rodoviário foi adotado por povos indígenas da região como parte de seu patrimônio. Construído por comunidades andinas pré-hispânicas ao longo de vários séculos, o Qhapaq Ñan se estende por mais de 30 mil km e atravessa montanhas, planícies tropicais, rios e desertos, enquanto atravessa, de maneira sinuosa, seis países (Peru, Bolívia, Equador, Chile, Argentina e Colômbia).

O Museu Nacional do Índio Americano do Instituto Smithsoniano, com sede em Washington, realiza atualmente uma exposição* sobre a construção e a utilidade duradoura da rede, e a Unesco nomeou o Qhapaq Ñan para integrar sua Lista do Patrimônio Mundial.
Infelizmente, nos últimos anos, algumas áreas de Qhapaq Ñan foram degradadas. É por isso que as Embaixadas dos Estados Unidos no Peru, na Bolívia e no Equador obtiveram subvenções por meio do Fundo dos Embaixadores para a Preservação Cultural (AFCP), a fim de garantir que as gerações futuras possam desfrutar delas. (Por meio do Fundo dos Embaixadores para a Preservação Cultural, o Departamento de Estado dos EUA já apoiou mil desses projetos em 133 países desde 2001.)
Aqui estão os projetos que vão apoiar a restauração de sítios ao longo do Qhapaq Ñan:
Peru

A rede de estradas inca possibilitou o surgimento de um comércio próspero em uma vasta região, e ambientalistas esperam preservar itens utilitários e artísticos que eram comumente comercializados ao longo da rota no auge do Império Inca.
Em 2014, um projeto de US$ 82.400 destinado à conservação e restauração das exposições no Museu Arqueológico Samuel Humberto Espinoza Lozano em Huaytará, na região andina de Huancavelica, começou a conservar centenas de artefatos — incluindo tecidos, objetos de metal e itens fabricados com penas usados como obras de arte.
O projeto também tornou o espaço usado para exposições mais acessível ao público. Financiou a montagem de artefatos e forneceu novos equipamentos para armazenar adequadamente o acervo.
Profissionais locais fizeram trabalho de conservação e as partes interessadas indígenas escreveram o texto de apoio da exposição. Os workshops do museu sobre técnicas têxteis incentivaram habitantes locais a usar a iconografia do museu para produzir arte e artesanato.
Um projeto de 2018 ajudou a conservar o templo inca no sítio arqueológico de Huánuco Pampa. O sítio foi um dos centros administrativos mais importantes do Império Inca, com 4 mil estruturas construídas entre 1460 e 1539.

O projeto de US$ 100 mil dessalinizou as paredes do templo, removeu pichações e reconstruiu paredes usando as pedras originais do templo. Especialistas do Ministério da Cultura do Peru estão realizando o trabalho e operários locais foram contratados para executar parte da mão de obra.
Bolívia
Em setembro de 2020, um projeto de Fundo dos Embaixadores para a Preservação Cultural, no valor de US$ 116.500, ajudou seis museus comunitários na região de Desaguadero-Viacha em La Paz — todos conectados pelo Qhapaq Ñan — a catalogar e conservar objetos, aumentar as capacidades educacionais e técnicas, e promover o turismo.

O financiamento leva arquitetos, arqueólogos e especialistas em design de museus para capacitar funcionários de museus locais a fim de que estes aprendam a cuidar de objetos culturais. O programa, portanto, promove o turismo de longo prazo para os sítios e prepara educadores locais a fim de que ensinem membros da comunidade sobre o valor de seu patrimônio cultural.
Equador
O complexo arqueológico de Ingapirca, o maior sítio inca do Equador, sofreu severos danos ambientais ao longo dos anos. Em 2020, o Fundo dos Embaixadores para a Preservação Cultural fez uma doação de US$ 198 mil ao Instituto Nacional de Patrimônio Cultural do Equador visando ajudar a corrigir um sistema de drenagem defeituoso no sítio e conservar sua elipse, que já foi um importante local religioso cercado por cemitérios e terraços agrícolas.

Em 2019, o complexo de Ingapirca atraiu 130 mil visitantes do Equador e do exterior. A restauração do sítio deve aumentar o turismo e impulsionar a economia local.
Quando o embaixador dos Estados Unidos, o ministro da Cultura do Equador e o chefe do Instituto Nacional do Patrimônio Cultural anunciaram o projeto, o anúncio chamou a atenção de um indígena de 20 anos de idade e que é “YouTuber” (pessoa que possui um canal no YouTube). Ele gravou um vídeo sobre o projeto Ingapirca** e o compartilhou com mais de 100 mil seguidores.
Em 2021, os pedidos de subvenção para o Fundo dos Embaixadores para a Preservação Cultural quadruplicaram, de acordo com um porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos em Quito. “Os equatorianos perceberam que os Estados Unidos levam a sério a ajuda ao Equador pelo fato de o país possuir uma herança cultural única”, disse ela.
* site em inglês e espanhol
** video do YouTube em espanhol