
A União Europeia está produzindo recordes históricos das energias eólica e solar enquanto o grupo formado por 27 países trabalha para reduzir sua dependência de combustíveis fósseis da Rússia.
Quatro meses após a invasão de larga escala da Ucrânia por Vladimir Putin em fevereiro de 2022, a Comissão Europeia lançou a REPowerEU. Essa campanha visa:
- Impulsionar o uso de energia renovável.
- Reduzir o consumo geral de energia.
- Diversificar as fontes de energia.
Países da UE já estavam se movendo em direção à energia renovável, mas a guerra da Rússia contra a Ucrânia acelerou essa tendência. Em 2022, pela primeira vez, as energias eólica e solar superaram o gás como fonte de eletricidade. As fontes eólica e solar representaram um recorde de 22%* do fornecimento de eletricidade dos países da UE, segundo o think tank de energia Ember, com sede em Londres.

“Temos de dobrar os investimentos em energias renováveis domésticas”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em outubro de 2022. “Não apenas pelo clima, mas também porque a transição para a energia limpa é a melhor maneira de obter independência e ter segurança no abastecimento de energia”.
Em todo o continente, o crescimento da geração de energia solar aumentou 25% em 2022, segundo a Ember. Vinte países da UE produziram sua maior parcela de energia solar em 2022. Em outubro, a Grécia funcionou inteiramente com fontes renováveis por várias horas e está sete anos adiantada em relação à sua meta de capacidade solar para 2030.
Até 2030, a RePowerEU pretende fornecer mais de 40% da energia total da UE a partir de fontes renováveis.
Reduzindo a demanda, diversificando as fontes
A fim de cumprir o objetivo da Comissão Europeia de reduzir o uso de energia da UE em 15%, pessoas e governos mudaram seus hábitos** e se tornaram mais eficientes em termos energéticos. Entre suas ações:
- A Alemanha diminuiu o aquecimento em prédios públicos e baixou o custo das passagens de trem visando reduzir o uso de carros.
- A Espanha ordenou que lojas e prédios públicos apagassem suas luzes à noite.
- A França escureceu a Torre Eiffel e reduziu os limites de velocidade da cidade.
Para o petróleo e o gás que a UE ainda precisava importar, países recorreram a parceiros como a Noruega e os Estados Unidos.

Países da UE também construíram novos terminais de gás natural liquefeito e expandiram oleodutos não russos com o objetivo de fornecer rotas alternativas para a energia de combustíveis fósseis.
Essas mudanças para fontes de energia não russas “têm mudado dramática e permanentemente o comércio global de gás e os mercados de energia”, de acordo com um relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Aumentando a independência energética
Putin cortou o fornecimento de gás e petróleo da Rússia aos países da UE, mas essa medida não conseguiu minar o apoio da UE à Ucrânia como ele esperava, afirmam analistas.
“A Rússia esperava representar uma troca total para a Europa: apoiar a Ucrânia e congelar ou tolerar a invasão da Rússia e permanecer aquecida”, disse Mitchell Orenstein, diretor do Departamento de Estudos Russos e do Leste Europeu da Universidade da Pensilvânia.
Em vez disso, países da UE se afastaram da energia da Rússia e a UE é mais independente de energia do que há um ano.
“O divórcio energético da Europa com a Rússia está quase completo”, disse Andrew Lipow, presidente da Lipow Oil Associates, indústria de petróleo e empresa de consultoria de mercado, ao Politico**.
A receita de petróleo e gás da Rússia caiu 45% ano a ano** no primeiro trimestre de 2023, de acordo com relatórios empresariais.
A receita de petróleo e gás representou quase metade do orçamento federal da Rússia em 2021, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). A AIE prevê que as exportações de energia da Rússia cairão 7% na próxima década.
“A era do domínio da Rússia na área do gás está chegando ao fim, período marcado por chantagens, ameaças e extorsões”, disse o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki. Ele fez seu pronunciamento na abertura do Baltic Pipe, nova iniciativa de gás entre a Polônia e a Dinamarca. “Hoje, estamos iniciando uma nova era: a era da soberania energética, da liberdade energética e de maior segurança.”
* site em inglês e outros cinco idiomas
** site em inglês