Exército dos EUA e Instituto Smithsoniano unem forças para proteger a arte

Pessoas em uniformes militares e coletes refletores em uma sala ampla (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)
Os participantes de um treinamento de oficiais protetores de monumentos do Exército colocaram suas habilidades em uso durante um exercício simulado de evacuação de museu no Museu Nacional do Exército dos EUA em Fort Belvoir, Virgínia, em agosto (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)

Uma parceria entre o Exército dos EUA e o Instituto Smithsoniano está revivendo o legado dos “homens protetores de monumentos” da era da Segunda Guerra Mundial, ou seja, os oficiais aliados encarregados de proteger itens culturais contra danos ou roubo perpetrados por nazistas.

Oficiais militares uniformizados ao redor de objetos contidos em um recinto circular (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)
Estagiários aprendem como materiais reagem à imersão em água durante um exercício de salvamento de acervos (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)

Hoje, o Instituto Smithsoniano e o Exército dos EUA estão capacitando uma nova geração de oficiais, homens e mulheres, visando impedir a pilhagem do patrimônio cultural durante períodos de guerra. A missão de ambos se expandiu para também salvar obras de arte ameaçadas por desastres naturais.

Perícia civil e militar

Oficiais militares enfileirados em um palco levantando a mão direita durante uma cerimônia (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)
Oficiais protetores de monumentos do Exército são empossados pelo coronel Scott DeJesse no Instituto Smithsoniano (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)

A historiadora e curadora de arte Corine Wegener, diretora da Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano*

e ex-oficial da Reserva do Exército, que serviu no Iraque, juntamente com Scott DeJesse, artista do Texas e coronel da Reserva do Exército que serviu no Iraque e no Afeganistão, projetaram juntos o novo programa. Os dois supervisionaram uma recente sessão de treinamento para novos recrutas no Museu Nacional do Exército dos EUA em Fort Belvoir, Virgínia. (Outro treinamento foi realizado no Instituto Smithsoniano.)

Os 21 oficiais protetores de monumentos, tal qual seus predecessores da Segunda Guerra Mundial, levarão uma mistura de conjuntos de habilidades para sua missão: experiência civil, por um lado, e treinamento militar, por outro.

Eles são experientes curadores de museus, historiadores de arte, arqueólogos e conservacionistas que ingressaram no Exército como reservistas. Esse status significa que eles manterão suas carreiras civis, mas treinarão regularmente com suas unidades. Quinze foram designados para o Comando de Operações Psicológicas e Assuntos Civis do Exército dos EUA*, e seis estão ligados às reservas do Exército de aliados dos EUA.

Grupo de oficiais em uniformes de combate posando em frente a uma parede contendo inscrições gravadas (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)
Homens e mulheres protetores de monumentos no Museu Nacional do Exército dos EUA (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)

Esses novos reservistas, que possuem mestrado ou doutorado, estão participando de cursos para adquirir habilidades básicas de soldado e conhecimento de planejamento de operações militares. Oficialmente conhecidos como oficiais de patrimônio e preservação 38G/6V, os reservistas aprenderão a trabalhar efetivamente no campo e a se coordenar com outras unidades militares.

“Nosso treinamento de dez dias é principalmente para introduzir conceitos-chave em torno da gestão de riscos relacionados a desastres para o patrimônio cultural, integrar o conhecimento do patrimônio cultural com os requisitos operacionais militares e criar uma forte dinâmica de equipe”, disse Corine.

‘No local para ajudar’

Oficiais uniformizados ao lado de uma mesa com artefatos (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)
Estagiários que simulam uma evacuação de um museu descobrem que sua linha do tempo acabou de mudar (Cortesia: Corine Wegener/Iniciativa de Resgate Cultural do Instituto Smithsoniano)

Um exercício de encenação ensinou os oficiais protetores de monumentos a improvisar usando uma situação em que um segurança (falso) protegendo “obras de arte” em um país fictício se distraiu e “acidentalmente” pisou em uma pintura valiosa (na verdade, um item barato recuperado de um bazar que vende produtos na garagem de uma casa). O incidente foi encenado para ajudar os recrutas a aprenderem a manter a calma em uma situação de crise.

Eventos de treinamento anuais são planejados e funcionarão em torno do treinamento mensal com as unidades de base dos reservistas.

Quando implantados no exterior, os oficiais protetores de monumentos farão a ligação com outras unidades militares e se conectarão com os cidadãos do país anfitrião — incluindo profissionais de museus — para ver onde podem ser mais úteis. “Eu costumo seguir o exemplo das comunidades locais e deixá-las definir suas prioridades”, disse DeJesse. “É o patrimônio deles (…) estamos lá para ajudar”.

Em termos de legado, “há uma história especial à qual estamos ligados”, em que há uma conexão com veteranos de outras guerras e também com os homens protetores de monumentos da Segunda Guerra Mundial, disse ele.

Graças ao filme de Hollywood “Os Caçadores de Obras-Primas” (vagamente baseado no livro de não ficção de Robert Edset e Bret Witter, Caçadores de obras-primas salvando a arte ocidental da pilhagem nazista), esse legado é amplamente conhecido. E sim, havia algumas mulheres protetoras de monumentos também.

“Acho que todos nós olhamos para os homens e mulheres protetores de monumentos da Segunda Guerra Mundial como nossa estrela-guia e exemplo duradouro, enquanto também estamos cientes de que os conflitos de hoje vêm com diferentes desafios”, disse Corine. No Instituto Smithsoniano, “oficiais protetores de monumentos americanos e internacionais podem treinar juntos e desenvolver relações duradouras. Eles agora têm uma rede profissional militar na qual podem confiar e que podem consultar onde quer que sua missão os leve”.