Explorando a História até debaixo d’água

Quer encontrar tesouros enterrados? Para muita gente, isso é fantasia, mas para um grupo de mergulhadores de Nashville, no Tennessee, é apenas um dia normal de trabalho.

Mergulhadores explorando destroços no fundo do mar (© Ken Stewart)
Mergulhadores inspecionam o vapor naufragado Hannah M. Bell no Santuário Marinho Nacional, perto de Key Largo, na Flórida (© Ken Stewart)

Desde sua fundação, em 2003, a organização sem fins lucrativos Diving with a Purpose* (Mergulhando com um Propósito) oferece lições básicas de Arqueologia a mergulhadores voluntários. Os mergulhadores fazem um curso intensivo de uma semana para aprender a inspecionar embarcações naufragadas não documentadas, inclusive navios negreiros submersos.

Pessoas de pé observando tábuas de madeira na areia (© Brett Seymour)
Um instrutor explica as diferentes partes de um naufrágio para alunos do Diving with a Purpose (© Brett Seymour)

Cofundador do grupo, Kenneth Stewart, da Associação Nacional de Mergulhadores Negros, conta que sua inspiração foi um documentário sobre a busca pelo navio Guerrero, que afundou na costa da Flórida em 1827. “Encontrar esse navio virou nossa maior missão”, diz ele.

Até hoje, os 300 mergulhadores treinados pelo grupo de Stewart mapearam 16 navios naufragados, em um trabalho conjunto com o Serviço Nacional de Parques e a Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA. Os mergulhadores também plantam corais staghorn para conservar os ecossistemas de recifes de corais ameaçados.

Mergulhador trabalhando em uma estrutura de corais debaixo d’água (© Ken Stewart)
Um mergulhador diante de uma “árvore” de corais staghorn em um viveiro de plantas da Fundação para a Restauração de Corais, perto de Key Largo, na Flórida (© Ken Stewart)

Recentemente, o grupo juntou forças com o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, do Instituto Smithsoniano, e outros parceiros no Projeto Slave Wrecks (Naufrágios de Escravos) e viajou para a África do Sul para ajudar a explorar um navio negreiro português. A missão rendeu artefatos — um bloco de polias de madeira e um lastro de ferro —, que agora estão emprestados ao museu.

“Temos várias missões no norte de Moçambique e em St. Croix para documentar naufrágios conhecidos”, cujos artefatos serão, por fim, expostos no museu, disse Stewart.

Na maioria das vezes, no entanto, os mergulhadores do grupo deixam os artefatos submersos in situ — no local — para que os pesquisadores possam estudá-los no contexto.

Grupo de mergulhadores mostrando suas anotações debaixo d’água (© Ken Stewart)
Mergulhadores, que medem e desenham o que encontram nos naufrágios, mostram seus desenhos “in situ” (© Ken Stewart)

Muitos dos mergulhadores do grupo são afro-americanos, mas todo mundo é bem-vindo para se inscrever no curso, disse Stewart. Ele gosta de treinar jovens principalmente. “Adoro a energia deles (…), os jovens me dão a esperança de que nosso planeta está em boas mãos”, disse ele.

* site em inglês