Exposição na Ilha de Ellis revive Pequena Síria perdida de Nova York

Shakifa Halal era uma imigrante síria em um navio com destino a Nova York, seus sonhos embrulhados em um bordado que ela fez em sua terra natal.

Pedaço de bordado florido (© AP Images)
Quadro de bordado feito à mão por Shakifa Halal pode ser visto na exposição “Pequena Síria” (© AP Images)

“Ela embrulhou o bordado e levou consigo porque disse que queria poder provar que tinha habilidades (…) Para ela isso era como mostrar um diploma”, disse a neta de Shakifa, Vicki Tamoush, em meio a lágrimas.

O bordado de Shakifa, que ela trouxe aos Estados Unidos em 1910 aos 13 anos de idade, agora está exposto no Museu Nacional da Imigração na Ilha de Ellis, parte de uma exposição chamada Pequena Síria, Nova York: Vida e Legado de uma Comunidade de Imigrantes.

Homem de pé em frente de fotografia antiga de família (© AP Images)
Philip Najjar Tamoush, 78, posa em frente de foto da família na exposição “Pequena Síria”. Sua família emigrou da Síria em 1920 (© AP Images)

Por meio de documentos, artefatos e fotos, a exposição conta a história de uma comunidade do Oriente Médio que floresceu na Baixa Manhattan. A exposição poderá ser vista até 9 de janeiro de 2017, no prédio onde 12 milhões de imigrantes pisaram pela primeira vez nos EUA.

Passaporte antigo com fotografia de cinco pessoas (© AP Images)
Este passaporte de 1920 da família Najjar, imigrantes sírios nos EUA, pode ser visto na exposição “Pequena Síria” (© AP Images)

Ela documenta o bairro desaparecido da Pequena Síria de uma maneira que ainda repercute, em um momento em que os refugiados sírios estão nas manchetes.

Da década de 1880 aos anos 1940, a Pequena Síria cresceu a partir do porto de Nova York. O bairro foi uma incubadora para outros enclaves árabes, à medida que os moradores se mudavam para o Brooklyn, em Nova York; Detroit; Cleveland; Los Angeles e outros lugares.

Barco cheio de pessoas se aproxima da cidade de Nova York (© AP Images)
Pessoas tiram fotos na Baixa Manhattan, onde ficava o bairro Pequena Síria (© AP Images)

Shakifa Halal não ficou por muito tempo. Ela se juntou a parentes na Califórnia, tornando-se costureira.

Mas outros permaneceram em Manhattan, criando uma comunidade no início da década de 1900 que abrigou cerca de 3 mil imigrantes sírios.

Prédios altos no centro da cidade (© AP Images)
A antiga Igreja Católica Síria de São Jorge, que hoje abriga dois restaurantes, fazia parte do bairro Pequena Síria (© AP Images)

O bairro foi praticamente demolido nos anos 1940. Restaram apenas três prédios originais.

A família de Charlie Sahadi veio do Líbano para a Pequena Síria no final da década de 1800 e abriu a Sahadi Importing, para vender produtos do Oriente Médio.

A exposição na Ilha de Ellis mostra uma fotografia dos anos 1920 do tio-avô de Sahadi, Abrahim Sahadi, junto com latas da A. Sahadi & Co. A loja de Sahadi se mudou para o Brooklyn nos anos 1940 e continua sendo um conhecido empório gourmet até hoje.

A história de Sahadi ecoa a de Devon Akmon, árabe-americano de quarta geração e diretor do Museu Nacional Árabe-Americano em Dearborn, Michigan. O museu criou a exposição Pequena Síria, que estreou em suas instalações em 2012.

“Precisamos (…) comemorar” os primeiros a chegar, disse Akmon, que esteve na abertura da exposição na Ilha de Ellis.

Retrato de mulher de cabelo escuro comprido (© AP Images)
Patricia Talisse, 28, nascida na Síria, visita a exposição “Pequena Síria” em Nova York (© AP Images)

Patricia Talisse, que emigrou em 2012 de Alepo, na Síria, disse que a exposição a levou às lágrimas quando viu “os valores e as experiências comuns” daquela época e de agora.

“Estamos aqui e temos estado há anos”, disse Patricia.