As imperatrizes da Dinastia Qing foram prisioneiras do palácio imperial? Provavelmente não. No contexto da época em que viviam, as esposas e as consortes dos imperadores da última dinastia chinesa eram extremamente respeitadas — e poderosas.
A exposição “Imperatrizes da Cidade Proibida da China, de 1644 a 1912*”, que pode ser vista nos museus de arte asiática do Instituto Smithsoniano em Washington, amplamente comprova isso. A exposição coincide com o 40º aniversário do estabelecimento formal das relações diplomáticas entre os EUA e a República Popular da China.

Obras de arte penduradas nos aposentos das imperatrizes, objetos domésticos que elas manipulavam diariamente e roupas esplêndidas que usavam são sinais de mulheres de poder. Apesar de que a vida que levavam possa parecer restrita pelos padrões atuais, “elas viviam de maneira muito ativa”, diz o curador Jan Stuart.

Elas foram célebres amazonas e arqueiras que caçavam com o imperador. Seus chinelos ornamentados e sapatos de plataforma confirmam seu status de Manchus: elas não aderiam à prática de amarrar os pés.
E o imperador dava atenção a elas.
Elegância digna de um imperador

Os objetos expostos exibem um fino acabamento. Exemplos: uma coroa cravejada de joias e plumas de martim-pescador ou uma túnica com penas de pavão costuradas em brocados de seda.
A exposição reúne pinturas que mostram a influência de artistas ocidentais que realizaram trabalhos na corte imperial. Objetos e móveis são tão refinados quanto itens semelhantes pertencentes ao imperador. Selos pessoais indicam que as imperatrizes exerciam autoridade. Em conjunto, os artefatos criam uma imagem íntima de luxo e apreço.
A imperatriz viúva Cixi (1835–1908) foi a mais poderosa das cinco mulheres cujos pertences fazem parte da exposição. Enquanto outras imperatrizes exerciam influência indiretamente, como consultoras, ela “tinha o poder diretamente em suas mãos”, diz Stuart. Cixi governou de forma eficaz por quase 50 anos. E morreu quatro anos antes de a Dinastia Qing terminar.

Uma colaboração gratificante
A exposição, inédita, é uma colaboração entre o Instituto Smithsoniano; o Museu Peabody Essex, em Salem, Massachusetts; e o Museu do Palácio em Pequim. Os artefatos, em sua maioria, são do Museu do Palácio e nunca foram vistos anteriormente fora da China.

A exposição é organizada pela Galeria de Arte Freer e pela Galeria Arthur M. Sackler, ambas integrantes do Instituto Smithsoniano. Por causa do status que a Galeria Sackler possui de ser um importante museu de arte asiática, o Museu do Palácio permitiu que a equipe americana trabalhasse diretamente com os objetos. “Eles ficaram muito felizes trabalhando conosco”, diz Stuart, acrescentando: “Coisas que [nós] pedimos, eles levaram muito a sério e nos emprestaram o melhor.”
Os museus do Instituto Smithsoniano em Washington e Nova York realizam regularmente exposições com acervos advindos do mundo todo, bem como coleções com os seguintes temas: história natural, história americana, ar e espaço, artes e história étnica e cultural.
O Museu do Palácio enviou objetos para essa exposição sobre as imperatrizes que não havia emprestado antes e é improvável que o museu os empreste novamente, diz Stuart.
* site em inglês