Mulheres empresárias dos Estados Unidos estão criando e administrando empresas que produzem moda modesta e ao mesmo tempo dissipam estereótipos sobre negócios e glamour.
As vendas de roupas modestas representam um dos segmentos de crescimento mais rápido da indústria da moda global e totalizam cerca de US$ 283 bilhões, de acordo com a MLC Media, empresa de estratégia de marketing com sede em Chicago.
A moda modesta é geralmente entendida como roupas confortáveis e razoavelmente largas que são menos reveladoras do que muitos estilos contemporâneos. Alguns muçulmanos, cristãos e judeus — bem como pessoas que preferem roupas que cobrem o corpo por razões estéticas — geralmente usam estilos modestos. E algumas mulheres usam coberturas para a cabeça.
Embora a necessidade desse tipo de vestimenta seja frequentemente motivada por preferências religiosas ou culturais, empresários observam que as mulheres (e os homens) que se vestem com recato são tão exigentes em relação à moda quanto qualquer outra pessoa. E também vêm de origens diversas, com interpretações variadas de modéstia e interesse em coleções que vão desde roupas de noite e roupas de dia de luxo até roupas casuais e esportivas.

Lorynn Divita, professora associada em Design de Vestuário e Merchandising da Universidade Baylor, em Waco, Texas, afirma que a proliferação de escolhas modestas de moda reflete não apenas a adoção da diversidade por parte da indústria da moda dos EUA, mas também o pragmatismo perspicaz.
“Eu sempre digo aos meus alunos: ‘Na expressão indústria da moda, na realidade, a palavra-chave é indústria.’”
Com as opções em rápida expansão para consumidores de moda modesta nos EUA e em outros lugares, Lorynn disse: “A indústria reconheceu que ter um mercado-alvo estreito limita o lucro, por isso é do seu interesse ser inclusiva”.
Algo para todos
Em 2011, Ibtihaj Muhammad — uma esgrimista que ganharia uma medalha de bronze olímpica como parte da equipe de esgrima dos EUA — se juntou a seus irmãos para lançar uma coleção de roupas modestas chamada Louella by Ibtihaj, com o objetivo de suprir uma lacuna no mercado dos EUA. Inspirada em casas de moda como Valentino, Ibtihaj disse que queria criar roupas “fáceis de usar, modernas, luxuosas, funcionais e elegantes”. A coleção usa tecidos de qualidade visando criar roupas descoladas e que não restringem os movimentos, disse ela.
Atualmente, dez anos depois, sua marca tem seguidores em todo o mundo. “A modéstia não é apenas uma tendência — é um modo de vida”, afirmou Ibtihaj.
Darci Schurig, fundadora da coleção de moda Pink Desert (Deserto Rosa, em tradução livre) em Las Vegas, lançou a primeira coleção de moda praia de sua marca em 2017 e sua primeira coleção de vestidos em 2018.
“Minhas roupas de banho e minhas peças são modernas, modestas, clássicas e femininas”, disse ela. Roupas e trajes de banho modestos já foram vistos como antiquados, “apenas para certas idades ou certas formas”, mas esse é um conceito desatualizado. Seus clientes acham que o traje de banho modesto agrada a todas as idades e formas.

Um futuro ousado
Norsham Mohamad-Garcia, fundadora da Semana da Moda Modesta de Miami, diz que as estimativas colocam o poder de compra dos muçulmanos americanos em mais de US$ 170 bilhões por ano.
Designers de moda se beneficiam desse poder de compra. De acordo com Norsham, as mídias sociais deram origem a “influenciadores da moda modesta”, pessoas que amam o estilo dentro dos limites de sua religião e que têm “impacto significativo” nas compras dos seguidores. Há uma mudança contínua em direção à moda modesta com uma visão mais eclética, disse ela. “Para os consumidores, essa mudança é empolgante e ousada.”
Roupas modestas para homens, embora menos comentadas do que roupas femininas, recentemente se tornaram populares nos Estados Unidos. A tendência da moda masculina em estilos de rua extragrandes atende aos requisitos dos homens que desejam roupas que não sejam justas, mas que deslizem bem no torso ou nas pernas. A marca unissex Dār Collective do designer Subhi Taha, de Dallas, e a marca Aneeq Apparel, da Filadélfia, tipificam opções para os homens dos EUA que buscam uma aparência elegante, mas modesta.
Na moda feminina, os principais varejistas de moda — incluindo Oscar de la Renta e Net-a-Porter — responderam, oferecendo coleções cápsulas de modas modestas como parte de suas ofertas sazonais.
Ibtihaj, cuja marca Louella está entre as empresas pertencentes a minorias que lideraram o movimento da moda modesta, disse: “Esperamos estar caminhando em direção a um mundo livre de dizer às mulheres o que vestir. (…) Moda é o que você faz dela.”