Na virada do século 20, as primeiras das “nove divinas” fraternidades e irmandades universitárias afro-americanas foram criadas para cultivar a liderança e a excelência acadêmica. Ex-alunos, incluindo nomes como Martin Luther King e Michael Jordan, deram origem a um legado de feitos notáveis na política, nos direitos civis e no atletismo.

Um grupo de step se apresenta na Universidade Western de Kentucky (Cortesia: Flickr da Universidade Southern de Arkansas)

Essas organizações ainda têm uma presença duradoura nos campi universitários. Dentre os elementos mais visíveis das fraternidades e irmandades negras de hoje, há uma forma de dança conhecida como step.

“É a coisa que as pessoas veem muito em nós”, disse Lawrence Ross, autor de “The Divine Nine: The History of African American Fraternities and Sororities” (As Nove Divinas: A História de Fraternidades e Irmandades Afro-Americanas, em tradução livre). “É a nata de quem e do que somos.”

O Step combina movimentos sincronizados com o jogo verbal. Inicialmente, o ritmo se baseava em tradições de dança escrava e tribal. Mas novas décadas trouxeram novos estilos. Após a Segunda Guerra Mundial, os veteranos negros introduziram movimentos baseados em treinamentos militares. Mais tarde a Motown e o breakdance passaram a fazer parte das rotinas do step.

“Foi desenvolvido inicialmente a partir de um ritual de promessa”, disse Elizabeth Fine, autora de “Soulstepping: African American Step Shows” (Step Soul: Shows de Step Afro-Americanos, em tradução livre).” [Os novos integrantes] tinham de demonstrar sua união e lealdade para com a fraternidade ou a irmandade, usando os mesmos trajes e marchando pelo campus.”

https://www.youtube.com/watch?v=Pub7AtlqcsA

Uma produção artística de movimentos de step (Cortesia: Dalyn Montgomery)

Embora registros sobre step remontam à década de 1920, esta forma de arte se propagou para além da cultura da fraternidade e da irmandade negras na década de 1960, quando alunos negros se matricularam em escolas historicamente brancas. Na década de 1980 o ritmo explodiu na cultura de massa dos Estados Unidos, aparecendo em filmes de Hollywood e na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Verão de 1996.

Hoje em dia, o step entrou para a consciência mundial. Os shows de step são realizados da Coreia do Sul à África do Sul. Durante um recente desfile de moda em Paris, modelos apresentaram uma coreografia de step na pista.

O step liga as fraternidades e as irmandades negras à sua identidade original e abre as portas para os integrantes fazerem mentoreamento de jovens e serviço comunitário, ideais que mais definem as “nove divinas”.

“Os integrantes organizam shows de step para arrecadar dinheiro para bolsas de estudo ou outras boas causas”, disse Elizabeth. “Ele é usado para dar uma injeção de ânimo à comunidade do entorno, que é um importante princípio das fraternidades e irmandades afro-americanas.”