Jaha Dukureh defende meninas em dois continentes: África, onde nasceu, e América do Norte, onde se tornou cidadã americana. E a indicada para o Prêmio Nobel da Paz afirma que apenas começou.
O foco de seu trabalho é pôr fim à prática que envolve alterar ou ferir a genitália feminina por razões não médicas — conhecida como mutilação genital feminina, ou MGF. O procedimento pode resultar em sérios problemas de saúde, incluindo infecções, infertilidade e até a morte.
Jaha, ela própria uma sobrevivente da MGF, fundou a Safe Hands for Girls (Mãos Seguras para Meninas, em tradução livre), ONG com sede em Atlanta focada em acabar com esse procedimento e prestar auxílio a sobreviventes como ela. Na África, o trabalho de Jaha na Gâmbia ajudou o ex-presidente Yahya Jammeh a proibir a prática controversa em 2015 e a levou à sua indicação para o Prêmio Nobel 2018.
A prática da MGF está concentrada em 29 países, em sua maioria na África e no Oriente Médio, mas também está em vigor em comunidades diáspora em outras partes do mundo, inclusive os Estados Unidos. A ONU calcula que 200 milhões de mulheres e meninas de diversas partes do mundo já foram submetidas a esse procedimento.

Na adolescência, Jaha descobriu que havia sido vítima da MGF quando bebê, com apenas uma semana de idade. “Acho que fiquei com raiva”, disse Jaha. “Eu não tinha palavras [para expressar o que eu sentia] porque não entendia a razão de qualquer pessoa fazer algo do gênero.”
Aos 15 anos de idade, quando morava em Nova York, ela rompeu o casamento com um homem muito mais velho que sua família lhe havia arranjado. Ela se mudou e foi morar com parentes na área metropolitana de Nova York, onde concluiu o ensino médio. Posteriormente, se transferiu para Atlanta a fim de começar a faculdade e se casou com outro homem antes de fundar sua ONG em 2013. Dar à luz sua filha a inspirou a canalizar sua raiva em ativismo. “Eu não queria que ela vivenciasse muitas das coisas que eu havia vivenciado”, disse Jaha, que retornou à Gâmbia para viver no país.
A coisa mais importante para lembrar sobre a dificuldade de Jaha é que ela ajudou a condenar a MGF na Gâmbia, afirma Jette Christensen, política norueguesa que indicou Jaha para o Prêmio Nobel da Paz. O prêmio é concedido no quarto trimestre de cada ano em Oslo, Noruega. “Ela é uma prova viva de como a crença de uma única pessoa pode mobilizar uma única pessoa a mudar o mundo”, Jette disse ao jornal norueguês Bergensavisen.
RT @USUN: We were so inspired to meet @JahaENDFGM, a courageous woman who has fought against female genital mutilation and child marriages across the world. She was recently nominated for a Nobel Peace Prize. A woman truly changing the world. #StrongWomenMakeADifference pic.twitter.com/Vfx7m9JS99
— Nikki Haley (@nikkihaley) March 15, 2018
Tuíte:
Retuíte de @USUN: Estávamos tão inspirados a conhecer Jaha Dukureh, mulher corajosa que lutou contra a prática de mutilação genital feminina e de casamentos de crianças em todo o mundo. Ela foi recentemente indicada para o Prêmio Nobel da Paz. Uma mulher que está realmente mudando o mundo. @JahaENDFGM @nikkihaley #StrongWomenMakeADifference
Este artigo foi escrito pela redatora freelance Lenore T. Adkins e publicado originalmente em 20 de março de 2018.