
Defensores de direitos humanos continuam a expor a violenta resposta por parte do regime iraniano a protestos nacionais em novembro de 2019 apesar das tentativas do regime de ocultar os detalhes.
Mais de um ano depois, os Estados Unidos e organizações de direitos humanos ainda estão exigindo uma investigação independente sobre a repressão brutal.
A organização de direitos humanos denominada Justiça para o Irã, sediada no Reino Unido, publicou um relatório* em 13 de novembro sobre a violência contra manifestantes nas províncias Sirjan e Kerman no ano passado.
Autoridades de segurança usaram força letal durante protestos em Sirjan, ferindo várias pessoas e matando pelo menos uma. O governo iraniano não realizou nenhuma investigação sobre o uso de força letal.
“A inspeção completa da Justiça para o Irã de todos os 24 vídeos dos protestos em Sirjan, produzidos por pessoas presentes nas manifestações e postados em plataformas de mídia social, não fornece nenhuma prova de que os manifestantes portavam armas ou representavam qualquer ameaça à vida conforme alegado pelas autoridades”, informa o relatório.
A Justiça para o Irã pediu ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que abrisse um inquérito independente sobre violações de direitos humanos durante os protestos. Deixar de investigar atos de violência contra manifestantes é uma violação dos direitos humanos, segundo a organização.

Em 15 de novembro de 2019, os iranianos começaram a protestar contra o aumento dos preços da gasolina. Os protestos continuaram por vários dias e se expandiram para incluir pedidos de reformas constitucionais. Cerca de 1.500 pessoas foram mortas.
O relatório da Anistia Internacional, A Web of Impunity* (Rede de Impunidade, em tradução livre), inclui uma lista detalhada das 304 vítimas que confirma terem morrido durante a repressão. O site inclui uma galeria de fotos das vítimas e as causas de sua morte.
A Anistia Internacional pediu a autoridades iranianas que publicassem todas as informações sobre os indivíduos que morreram durante os protestos. O relatório recomendou que autoridades iranianas conduzissem uma investigação independente sobre todas as mortes e uma paralização da internet relacionada ao fato. O grupo também apelou aos membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU que conduzissem um inquérito sobre a morte de todos os manifestantes.
“Um ano depois dos protestos, autoridades iranianas persistem em sua recusa em conduzir investigações abertas, independentes e imparciais, e garantir a responsabilização”, disse a Anistia Internacional. “Na verdade, altos funcionários elogiaram abertamente os órgãos de segurança e inteligência do Irã por seu papel na repressão brutal.”
Quando os protestos se espalharam, líderes do Irã interromperam o serviço de internet e celular em 16 de novembro de 2019. O objetivo era suprimir informações sobre os protestos e evitar que os manifestantes documentassem a violência por parte das agências de segurança.
À medida que os protestos se espalharam, líderes do Irã fecharam o serviço de internet e celular em 16 de novembro de 2019, para suprimir informações sobre os protestos e evitar que os manifestantes registrassem atos de violência perpetrados por agências de segurança.
In #BloodyNovember 2019, an internet shutdown in Iran gave security forces free rein to kill more than 300 people with impunity. Internet shutdowns must never be used to hide crimes and human rights violations. @khamenei_ir’s web of impunity must stop! https://t.co/Dvt9IbWnsE
— Amnesty International USA (@amnestyusa) November 17, 2020
Tuíte:
Amistia Internacional EUA: No novembro sangrento vivido em 2019, uma paralisação da internet no Irã deu às forças de segurança rédea solta para matar mais de 300 pessoas impunemente. O desligamento da internet nunca deve ser usado para ocultar crimes e violações dos direitos humanos. A teia de impunidade do imã Sayyid Ali Khamenei deve parar! @amnestyusa #BloodyNovember @khamenei_ir
iran-shutdown.amnesty.org
O serviço de internet foi restaurado gradualmente cinco dias depois, mas o serviço de muitos provedores de dados de celular não voltou ao normal até 27 de novembro de 2019.
“O regime iraniano tentou ocultar as provas de sua repressão brutal por meio da censura, da intimidação e da escuridão digital decorrente das paralisações da internet, e ainda se recusa a permitir investigações independentes sobre as mortes que perpetrou durante aquela semana fatídica”, disse Michael R. Pompeo, secretário de Estado dos EUA, em 15 de novembro** honrando o aniversário das atrocidades. “Mas nunca esqueceremos as vítimas do regime.”
* site em inglês e persa
** site em inglês