Homenageando um pioneiro americano pela diversidade

Homem gesticulando enquanto fala (© Frank Johnston/The Washington Post/Getty Images)
Terence A. Todman se tornou um dos membros negros mais antigos do Serviço de Relações Exteriores durante suas quatro décadas na diplomacia (© Frank Johnston/The Washington Post/Getty Images)

“Eu era considerado um encrenqueiro”, disse o embaixador Terence A. Todman sobre seu tempo no Departamento de Estado, “e estava tudo bem”.

Todman (1926–2014) foi um dos primeiros negros americanos designados como embaixador de carreira, uma classificação indicada pelo presidente para serviços de distinção.

Ele abriu caminho para diplomatas não brancos no Departamento de Estado. Em sua carreira, lutou por diplomatas negros e desafiou o racismo institucional.

Todman nasceu em St. Thomas, nas Ilhas Virgens Americanas, filho de uma lavadeira e um balconista de mercearia — um dos 13 filhos. Ele foi convocado para o Exército dos EUA em 1945, onde serviu por quatro anos. 

Todman começou sua carreira no Departamento de Estado em 1952, mais de uma década antes da Lei de Direitos Civis. Na época, havia apenas um outro diplomata negro no Departamento de Estado.

“Lembro-me de pessoas que vinham ao meu escritório para reuniões e diziam: ‘Estamos aqui para ver o sr. Todman’”, lembrou ele, “e eu dizia: ‘Bem, eu sou o sr. Todman, entre.” E a reação: “Você só pode estar brincando!” Demorou um pouco, várias pessoas, para aceitar o fato de que eu poderia ser o responsável por algumas atividades. Era um mundo diferente.”

Placa descrevendo a história de Terence Todman (Depto. de Estado)
Uma placa em homenagem ao legado de Todman (Depto. de Estado)

Todman fez exames para ingressar no Serviço de Relações Exteriores em 1957. Durante sua capacitação no Instituto do Serviço de Relações Exteriores (FSI, na sigla em inglês), Todman encontrou fatos grotescos do Sul ainda segregado.

Na época, o campus do FSI estava localizado do outro lado do Rio Potomac, em Washington, em Rosslyn, Virgínia. Na época, o estado da Virgínia era segregado, o que significava que os negros não podiam entrar em restaurantes ou usar as mesmas instalações públicas que os brancos.

“Descobri que a única coisa que [o FSI] tinha para qualquer arranjo de refeição era um café muito pequeno onde você podia basicamente comprar um bolo de café e um pouco de café, chá ou qualquer outra coisa”, disse ele. “E na hora do almoço, todos os funcionários brancos atravessavam a rua em direção a um restaurante comum da Virgínia e lá faziam suas refeições.”

Quando Todman levantou a questão de não poder almoçar com seus colegas brancos, encontrou resistência. Ele levou adiante a questão para outros escalões dentro do Departamento até chegar ao escritório do subsecretário de Administração.

O Departamento de Estado finalmente concordou em alugar metade do restaurante e erguer uma divisória. A mesma cozinha e os mesmos funcionários foram utilizados para todos os clientes, mas metade do restaurante foi alugada pelo Departamento de Estado — o que significava que não era segregado e Todman podia comer um almoço completo lá — enquanto a outra metade permaneceu um restaurante privado. 

Nos anos que se seguiram, a carreira de Todman como funcionário do alto escalão do Serviço de Relações Exteriores levou à sua nomeação como um dos primeiros embaixadores negros dos EUA, e ele atuou como ativista de direitos humanos em todos os lugares em que serviu.

De 1969 a 1993, Todman serviu como embaixador dos EUA em seis países diferentes: Argentina, Chade, Costa Rica, Dinamarca, Espanha e Guiné. O governo Carter também nomeou Todman como secretário de Estado adjunto para Assuntos Interamericanos em 1977.

Em uma entrevista de 1995* (PDF, 220 KB), quando perguntado sobre o futuro do Departamento de Estado, Todman disse que criar mais diversidade entre os diplomatas era essencial. “Precisamos, como país, da melhor contribuição possível para a formulação e implementação de políticas”, disse ele. “Há sensibilidades que as pessoas trazem para uma reunião que você não consegue de outra forma.”

O Departamento de Estado dos EUA homenageará o legado de Todman em 1º de fevereiro em um evento com a embaixadora Gina Abercrombie-Winstanley, diretora de Diversidade e Inclusão, das 9h às 10h, horário da Costa Leste dos EUA. Para mais histórias de diversidade na diplomacia, visite a iniciativa Facing Diplomacy* (Enfrentando a diplomacia, em tradução livre) do Museu Nacional da Diplomacia Americana.

* site em inglês