Homenagem ao defensor dos direitos humanos Andrei Sakharov

Andrei Sakharov e Yelena Bonner em pé em um cenário urbano (© Daniel Janin/AFP/Getty Images)
Andrei Sakharov, à esquerda, e sua esposa, Yelena Bonner, vistos em Moscou em 31 de março de 1987. Sakharov é reverenciado mundialmente como defensor dos direitos humanos (© Daniel Janin/AFP/Getty Images)

Músicos renomados prestarão homenagem a Andrei Sakharov, famoso ganhador do Prêmio Nobel da Paz, cientista e ativista em defesa dos direitos humanos russo cujas ideias sobre paz e humanidade ainda ressoam mais de 30 anos após sua morte.

Retrato de Heidi Kühn, sorrindo (Cortesia: Heidi Kuhn)
Heidi Kühn (Cortesia: Tatiana Yankelevich)

O evento de 21 de maio no Carnegie Hall em Nova York foi originalmente agendado para 2021 visando marcar o 100º aniversário de Sakharov, mas foi adiado por causa da Covid-19.

Tatiana Yankelevich, pesquisadora da Universidade de Harvard que é enteada de Sakharov, e o pianista Evgeny Kissin discutiram a ideia de um concerto honorário no Carnegie.

“Sakharov era um visionário e humanista em escala global”, disse Tatiana ao ShareAmerica. “Tanto como cientista quanto como filósofo político, suas ideias deram uma nova direção à Ciência e à maneira como encaramos os direitos humanos.”

Apresentação do pianista Evgeny Kissin (© Roberto Serra/Iguana Press/Getty Images)
O pianista russo Evgeny Kissin, visto acima se apresentando em Bolonha, Itália, em 2022, disse: “Sakharov foi meu herói desde que me lembro.” (© Roberto Serra/Iguana Press/Getty Images)

Kissin, natural de Moscou que mora em Praga, disse que “as ideias e a autoridade moral de Sakharov são cada vez mais relevantes hoje”.

De físico a dissidente

Foto de homem falando com sobreposição de texto: "Devemos lutar hoje em favor de cada pessoa individualmente contra a injustiça e a violação dos direitos humanos." — Andrei Sakharov (1921–1989) físico e ativista em defesa dos direitos humanos russo (Gráfico: Departamento de Estado/M. Gregory. Foto: © Boris Yurchenko/AP)
(Depto. de Estado/M. Gregory)

Formado como físico, Sakharov ajudou a desenvolver a bomba de hidrogênio da União Soviética. Mais tarde, ele alertou sobre as consequências das armas nucleares e criticou a sociedade soviética por suas restrições à liberdade pessoal.

Mulher tira foto de um mural de Andrei Sakharov (© Reinhard Kaufhold/ullstein bild/Getty Images)
Uma mulher fotografa um mural contendo a imagem de Andrei Sakharov em Berlim em 1990 (© Reinhard Kaufhold/ullstein bild/Getty Images)

Em um memorável ensaio* publicado no New York Times de 1968, ele escreveu que as pessoas que têm a sorte de viver em sociedades abertas deveriam lutar pela liberdade das pessoas que vivem em sociedades fechadas.

Em 1970, Sakharov fundou um comitê para defender os direitos humanos e as vítimas de julgamentos políticos. Ele pediu a libertação dos presos políticos. A União Europeia tem um prêmio anual de direitos humanos em seu nome.

Quando ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1975, o comitê chamou Sakharov de “consciência da humanidade”. Líderes soviéticos se recusaram a permitir que ele viajasse à Noruega para receber o prêmio.

Andrei Sakharov sentado à mesa escrevendo (© Christian Hirou/Gamma-Rapho/Getty Images)
Andrei Sakharov em 1974 (© Christian Hirou/Gamma-Rapho/Getty Images)

Fazendo sacrifícios

Ao longo de sua vida, Sakharov se manifestou mesmo quando as consequências foram graves. Ele criticou a invasão soviética do Afeganistão em 1979, perdeu todos os seus prêmios concedidos pelo Estado russo e foi enviado para o exílio interno na fechada cidade soviética de Gorky. Mikhail Gorbachev permitiu que ele voltasse a Moscou em 1986.

Em março de 1989, Sakharov foi eleito para o novo Parlamento e coliderou a oposição democrática. Sakharov morreu no mesmo ano.

“Ele entendeu que haveria represálias”, disse Tatiana. “Mesmo que ele as tivesse previsto, não acho que isso o faria mudar de ideia.”

Em janeiro de 2023, o governo russo declarou o Centro Sakharov, instituição de direitos humanos em Moscou, “indesejável” e foi forçado a fechar as portas*. Os documentos pessoais de Sakharov estão arquivados na Universidade de Harvard.

Pessoas comparecem ao funeral de Sakharov no cemitério Vostryakovskoye em Moscou, em 18 de dezembro de 1989 (© Wojtek Laski/Getty Images)A dedicação de Sakharov à liberdade continua a inspirar muitos em todo o mundo.

Em 2015, Henry A. Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA, chamou Sakharov de “um homem notável cuja heroica insistência na preservação da dignidade humana na União Soviética foi uma contribuição seminal para a causa da liberdade no mundo”.

Em uma carta de 2021, o presidente Biden compartilhou “o profundo apreço do povo americano pelo trabalho e legado duradouros do Dr. Andrei Sakharov”.

A organização sem fins lucrativos Fundação Nacional para a Democracia, dos EUA, observou em 2021 que “apesar do alto custo pessoal, ativistas, jornalistas, advogados e cidadãos comuns continuam a trabalhar corajosamente visando concretizar a visão de paz e direitos humanos de Sakharov”.

Dmitri Daniel Glinski, diretor administrativo da Associação Americana de Língua Russa para Direitos Civis e Humanos, com sede em Nova York, comparou a influência de Sakharov a Martin Luther King e Nelson Mandela.

“Sakharov e seu movimento em defesa dos direitos humanos foram os verdadeiros vencedores na Guerra Fria”, disse Glinski ao ShareAmerica.

* site em inglês