
Duas fotos históricas — um daguerreótipo (uma das primeiras formas de reprodução fotográfica) recém-descoberto de John Quincy Adams, de 1843, e o famoso retrato de “cracked plate” (a placa rachada, em tradução livre) de Abraham Lincoln, de 1865 — são destaques da exposição Presidentes Americanos* na Galeria Nacional de Retratos do Instituto Smithsoniano em Washington.
Adams (1767–1848), o sexto presidente dos Estados Unidos, era filho de John Adams, o segundo presidente dos Estados Unidos e Pai Fundador do país. O Adams mais jovem foi presidente de 1825 a 1829 e, posteriormente, foi eleito para o Congresso dos EUA, onde serviu para o resto da vida.
O retrato de Adams em preto e branco, com as dimensões de um cartão postal, foi feito quando ele tinha 75 anos. “É a fotografia remanescente mais antiga conhecida de um presidente americano”, disse Ann Shumard, curadora de fotos da galeria.
O daguerreótipo foi a primeira forma bem-sucedida de fotografia e ainda recente quando Adams posou para o retrato. Foi um elemento “transformador que rapidamente saturou a cultura popular”, disse Shumard. “Em 1840, estúdios de fotografia começaram a surgir em todos os Estados Unidos.”
Adams abraçou a inovação e, durante seus últimos anos, posou para vários retratos. Mas seus registros no diário que mantinha indicam que ele não ficou impressionado com as fotos — ele as considerou “horríveis” e “muito semelhantes ao original”.
Logo após sua sessão de retratos em 1843, Adams deu a imagem a um homólogo congressista, Horace Everett. Acreditava-se que a imagem havia sido perdida até que os descendentes de Everett a encontraram e a venderam em um leilão. Ela foi adquirida pela Galeria Nacional de Retratos em 2017.
O grande emancipador
A poucos passos de distância do retrato de Adams está a fotografia de autoria de Alexander Lincoln Gardner: a “placa rachada” de Abraham Lincoln (1809-1865). É “provavelmente a imagem mais emblemática de um presidente dos EUA já produzida”, disse Shumard.
Lincoln, o 16º presidente, tomou posse em 1861 quando a Guerra Civil dos EUA começou. Conhecido como “o grande emancipador”, ele guiou a nação no período em que o país enfrentou sua pior crise constitucional.
A fotografia de Gardner, tirada em fevereiro de 1865, é o último retrato formal de Lincoln antes de sua morte ao ser atingido por uma bala advinda da arma do assassino no dia 15 de abril daquele ano.
Uma das características marcantes da foto é a linha irregular que corta o topo da cabeça de Lincoln. Este efeito de “placa rachada” foi causado quando o negativo da placa de vidro do fotógrafo foi maltratado e rachado, disse Shumard. Apenas uma impressão foi feita a partir do negativo danificado, e o próprio negativo foi descartado.
A imagem “placa rachada” sempre foi um convite à especulação, de acordo com Shumard.
Alguns espectadores consideram a linha irregular na cabeça de Lincoln como estranhamente profética, antecipando a trajetória da bala que o matou. Outros veem essa linha como um símbolo da divisão Norte/Sul durante a Guerra Civil.
Hoje, o retrato assustador (desbotado, agora em tons de sépia de seu original roxo berinjela) é exibido apenas uma vez por ano, durante duas semanas por vez, para evitar uma maior deterioração.
“Esta imagem moldou a visão da posteridade de Lincoln, mas não foi vista durante o período em que viveu e somente ganhou aceitação a partir do século 20”, disse Shumard.
Nova adição
O museu, que comemora o 50º aniversário da exposição Presidentes Americanos, também acaba de revelar uma nova adição à sua coleção.

A pintura em larga escala do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é do artista Kehinde Wiley. Mais conhecido por seus retratos ousados de homens afro-americanos, Wiley tipicamente combina elementos tradicionais e contemporâneos em sua arte.
* site em inglês