Insegurança alimentar é agravada pela guerra de Putin, não por sanções

O ataque da Rússia à Ucrânia compromete o abastecimento de alimentos do mundo.

A guerra de escolha de Vladimir Putin está prejudicando as colheitas da Ucrânia, que normalmente alimentam milhões de pessoas. As forças militares russas têm bombardeado plantações, danificado silos de grãos, atacado navios mercantes no Mar Negro e destruído estradas e ferrovias que permitem à Ucrânia exportar seus produtos agrícolas para todo o mundo.

E, no entanto, Putin culpa as sanções americanas e internacionais pela escassez global de alimentos. Essa afirmação, como muitas das afirmações do governo russo sobre a guerra, é falsa. Transações de alimentos, produtos agrícolas e suprimentos médicos são isentos de sanções pelos Estados Unidos.

“Enquanto a Rússia continuar esta campanha brutal*, pessoas inocentes vão pagar o preço”, disse a embaixadora Cindy McCain, representante permanente dos EUA nas agências da ONU em Roma, em 5 de abril.

Imagem de plantação no interior do contorno de um mapa da Ucrânia e texto sobre insegurança alimentar (Gráfico: Depto. de Estado/M. Gregory. Foto: © Ryzhkov Oleksandr/Shutterstock.com)
(Depto. de Estado/M. Gregory)

Celeiro da Europa

Conhecida como o celeiro da Europa, 70% do território da Ucrânia é coberto de terras agrícolas e o país é um grande exportador agrícola.

Durante 2021 e 2022, a expectativa era que a Ucrânia seria:

  • O maior exportador de óleo de girassol do mundo.
  • O quarto maior exportador de milho.
  • O quinto maior exportador de trigo.

Isso não vai acontecer agora. Em razão da guerra de Putin, a produção agrícola total da Ucrânia deve cair entre 20% e 50% durante os próximos meses.

Estima-se que 3,5 milhões de hectares na Ucrânia não serão plantados este ano. Em vez de fazer o plantio de campos, muitos agricultores da Ucrânia estão pegando em armas para defender sua pátria. Outros ficam longe de suas plantações pois temem bombardeios russos, munições não detonadas ou minas terrestres.

Resultado: os preços já altos dos alimentos sobem ainda mais. E mais pessoas passam fome.

Antes da guerra, a Ucrânia normalmente enviava 40% de suas exportações de trigo e milho ao Oriente Médio e à África. Isso também está ameaçado. O Programa Mundial de Alimentação (PMA) espera que a crise alimentar afete 41 milhões de pessoas* na África Central e Ocidental este ano, acima dos 10,7 milhões em 2019.

Além disso, autoridades ucranianas disseram que soldados russos roubaram grãos de quatro áreas ocupadas, incluindo a região de Donbass, e os enviaram à Rússia. Ataques russos em outras áreas destruíram pelo menos seis instalações de armazenamento de grãos.

Mulher iemenita caminhando em direção a uma cabana carregando um saco de comida no ombro (© Khaled Ziad/AFP/Getty Images)
A guerra da Rússia na Ucrânia aumenta os temores de uma fome cada vez maior em países como o Iêmen (acima), que recebe quase um terço de suas importações de trigo da Ucrânia (© Khaled Ziad/AFP/Getty Images)

Portos bloqueados

Mesmo quando militares russos atacam rotas de trânsito, também bloqueiam o acesso aos portos do Mar Negro da Ucrânia. Estima-se que 95% das exportações de grãos da Ucrânia saiam de portos marítimos.

A Rússia atacou navios de Bangladesh e do Panamá, entre outros, que transportavam mercadorias desses portos. Pelo menos um grande navio de Bangladesh sofreu um ataque russo direto no início da guerra.

“Temos de abrir esses portos para que os alimentos possam ser transportados* dentro e fora da Ucrânia”, disse David Beasley, diretor-executivo do (PMA). “O mundo exige isso porque centenas de milhões de pessoas em todo o mundo dependem dos alimentos que passam por esses portos.”

Tuíte:
Departamento de Estado
Enquanto a Ucrânia costumava exportar até 5 milhões de toneladas de grãos por mês, os embarques praticamente pararam em razão do Kremlin bloquear portos ucranianos e quase 300 navios de carga no Mar Negro. Essas ações ameaçam colocar milhões de pessoas em risco de fome e desnutrição. @StateDept

Iniciativas dos EUA

O governo dos Estados Unidos está atuando em várias frentes a fim de abordar a insegurança alimentar global e se comprometeu a:

• Fornecer US$ 1 bilhão em nova assistência humanitária para nações cujo abastecimento de alimentos é afetado pela guerra.

• Juntar-se a aliados visando aumentar a produção de fertilizantes.

• Focar na insegurança alimentar causada por conflitos durante o período em que os
Estados Unidos presidem o Conselho de Segurança da ONU no decorrer do mês de maio.

• Mobilizar o mundo durante a reunião ministerial de chamada à ação em favor da segurança alimentar global organizada pelo secretário de Estado, Antony Blinken, em 18 de maio.

• Apoiar os esforços do G7, que se encontra sob a presidência alemã, com o objetivo de enfrentar a insegurança alimentar.

* site em inglês