Organizar um serviço memorial em um túmulo normalmente não faz com que as pessoas se metam em encrencas. A menos que você viva no Irã.
O Tribunal Revolucionário do Irã em Teerã condenou três autores proeminentes* — Baktash Abtin, Reza Khandan-Mahabadi e Keyvan Bazhan — cada um a seis anos de prisão.
O crime dos escritores? Em um boletim da Associação de Escritores Iranianos (IWA), eles publicaram declarações contrárias à censura estatal à arte e à literatura, e organizaram um serviço memorial no túmulo de membros proeminentes da IWA, Mohammad Mokhtari e Mohammad Jafar Pouyandeh, segundo o Centro de Direitos Humanos do Irã. Mokhtari, poeta, e Pouyandeh, escritor, estavam entre uma “série de desaparecimentos e mortes suspeitas” entre intelectuais em 1998, de acordo com um relatório de direitos humanos das Nações Unidas de 2000* sobre o Irã.
Using kangaroo courts to put writers behind bars for peacefully expressing themselves is a mockery of justice https://t.co/bPxMDT0Jnl. #Iran #FreeSpeech
— Hadi Ghaemi (@hadighaemi) May 18, 2019
Tuíte
Hadi Ghaemi: Usar tribunais ilegais para colocar escritores atrás das grades por se expressarem de maneira pacífica é zombar da justiça. (Irã, liberdade de expressão) http://bit.ly/2W9tiRN. Hadi Ghaemi #Iran #FreeSpeech
Escrever tuítes também acabou levando escritores e advogados para a cadeia.
O juiz Mohammad Moghiseh, o mesmo juiz que condenou os três autores, também proferiu uma sentença de dois anos* ao jornalista Masoud Kazemi em maio por ter escrito um tuíte sobre a suposta corrupção do governo.
Durante o julgamento, o juiz Moghiseh disse a Kazemi: “Vocês não têm o direito de respirar; suas mãos deveriam ser esmagadas; você deveria ser explodido com pólvora derramada em sua boca; suas canetas deveriam ser destruídas.”
O tribunal revolucionário do Irã recentemente sentenciou Amirsalar Davoudi a 30 anos de prisão e 111 chicotadas. Ele usou suas postagens nas redes sociais para denunciar violações de direitos humanos no Irã. Acusado de “propaganda contra o Estado” e “insultos contra autoridades”, Davoudi se juntou a outros dois advogados de defesa enviados à prisão em menos de um ano, informa o Centro de Direitos Humanos do Irã. Nasrin Sotoudeh recebeu uma sentença de prisão de 148 chicotadas e 38 anos em março por defender pacificamente seus clientes. O advogado de defesa Mohammad Najafi, agora na prisão, pode receber uma sentença de 19 anos, informa o Centro para os Direitos Humanos no Irã*.

Impedir que advogados realizem seu trabalho “deixa ativistas, jornalistas, dissidentes e outros críticos do Estado indefesos em um sistema repressivo”, disse Hadi Ghaemi, diretor do Centro de Direitos Humanos do Irã.
Poucas coisas estão fora de cogitação para o regime do Irã. No início deste ano, autoridades iranianas prenderam um homem por pedir, em público, sua namorada em casamento. E elas cancelaram a apresentação de uma banda porque a música era muito “feliz”.
* site em inglês