
Ao longo da última década, o regime iraniano rapidamente expandiu o modelo militar cidadão — a Força de Resistência Basij, força paramilitar formada por voluntários — para dentro e para fora do Irã.
“Se um ditador pudesse fazer um pedido a um gênio, seria para uma organização neutralizar todas as ameaças e não ser dispendiosa”, disse Saeid Golkar, professor de Ciências Políticas da Universidade de Tennessee. “A Basij é essa organização.”
O que é a Força de Resistência Basij?
Nas escolas, empresas, fábricas e vizinhanças iranianas — em quase todas as esferas da vida diária iraniana — mais de 5 milhões de membros da Basij (conhecidos como “basijis”) estão prontos para defender a ideologia islâmica do regime de dissidência interna e ameaças estrangeiras.

Em troca, eles recebem benefícios do governo, como descontos médicos ou de moradia, oportunidades de emprego e aceitação para ingressar em universidades.
Golkar chama a força basij do Irã de “organização administrativa militarizada de massa [à qual] qualquer um pode se unir, desde estudantes até médicos”. Ela está enraizada em “todos os cantos da sociedade iraniana”.
Os membros se voluntariam para doutrinar os moradores com as normas e os valores do regime, disse Golkar. Os basijis atuam como policiais morais, perambulando pelas ruas a fim de impor um código de vestimenta estrito para as mulheres.
Como força paramilitar, os basijis são frequentemente convocados para fazer o trabalho sujo interno do governo. Eles atacaram manifestantes nas revoltas populares de 2009, e novamente em 2018 e 2019.
Exportando o modelo
A Basij recruta crianças em idade escolar de tão pouca idade quanto 12 anos. Elas são preparadas para se tornarem combatentes da Força Quds da Guarda Revolucionária Islâmica e são destacadas para a Síria. Em 2012, disse Golkar, a Guarda Revolucionária do Irã organizou uma Força de Defesa Nacional na Síria com mais de 14 mil líderes semelhantes aos da Basij, um número que cresceu para 100 mil por volta 2014 e que é muito maior agora.
A Guarda Revolucionária do Irã “também imitou o sucesso dos basijis de mobilizar os xiitas afegãos, paquistaneses, iraquianos e libaneses para lutar pelos interesses do Irã no mundo árabe”, segundo Ahmad Majidyar, especialista em políticas do Instituto do Oriente Médio.
A Guarda Revolucionária também forneceu treinamento para criar uma força similar em vários países da América Latina, escreve Majidyar.
Uma versão deste artigo foi publicada previamente em 18 de outubro de 2018.