Irmãs adolescentes doam livros que dão voz a meninas muçulmanas

Duas meninas segurando livros em frente a uma biblioteca (Cortesia: Deyar Nasiri)
Mena (à esquerda) e Zena Nasiri seguram livros que incluem mulheres muçulmanas como personagens principais em frente à Biblioteca Memorial Blair em Clawson, Michigan, onde doaram livros em agosto de 2019 (Cortesia: Deyar Nasiri)

Quando Mena e Zena Nasiri estavam no ensino fundamental, elas queriam fazer um projeto escolar sobre mulheres muçulmanas na história, mas logo se depararam com um obstáculo.

“Fomos à biblioteca local e não encontramos nenhum livro sobre mulheres muçulmanas”, disse Zena. “Essa foi a primeira vez que percebemos que havia falta de diversidade e representação nos livros em nossa comunidade.”

As duas irmãs — que agora estão no primeiro e no último ano do ensino médio — abordaram a Associação de Pais e Mestres de sua escola e pediram fundos para comprar livros que falassem de mulheres muçulmanas para todas as bibliotecas de seu distrito escolar em Michigan.

A associação concordou e, com sua ajuda, Mena e Zena doaram 200 livros para cada uma das 21 escolas.

Quatro meninas segurando livros (Cortesia: Academia King Abdullah)
Quatro meninas da Academia King Abdullah, na Virgínia, exibem alguns dos livros que Mena e Zena doaram à sua escola em março de 2021 (Cortesia: Academia King Abdullah)

Com esse sucesso, elas fundaram uma organização não governamental, Meninas do Crescente*, para encontrar livros sobre mulheres muçulmanas fortes e doá-los a escolas públicas da região.

As irmãs descobriram que esses livros não eram apenas solicitados em sua comunidade, mas em todos os Estados Unidos e no mundo todo. Até o momento, a organização já doou mais de mil livros para 66 escolas, bibliotecas públicas e mesquitas nos Estados Unidos e sete destinos internacionais, incluindo França, Hong Kong, Marrocos, Nigéria e Reino Unido.

Mena e Zena pesquisaram sites on-line para reunir uma lista de cerca de 300 livros retratando mulheres muçulmanas poderosas para doar ou recomendar às partes interessadas.

Zena descobriu seu romance favorito, The Lines We Cross (As linhas que cruzamos, em tradução livre), de Randa Abdel-Fattah, por meio de suas pesquisas. O livro explora as experiências de uma jovem muçulmana que emigrou do Afeganistão para os Estados Unidos.

Mena também o leu rapidamente. “Foi uma experiência incrível ver uma personagem como nós em um livro”, disse Mena. “Isso nos trouxe de volta à época da quarta série, quando não podíamos encontrar nenhum livro sobre mulheres muçulmanas e parecia que era um problema generalizado.”

A resposta tem sido extremamente positiva. Mena e Zena dizem que estão trabalhando com escolas públicas americanas para desenvolver listas de leitura de currículos em inglês que incluam muitos dos livros que encontraram e esperam que o movimento se espalhe para além da comunidade muçulmana americana.

Mena diz que a falta de representatividade não é um problema apenas para mulheres muçulmanas, mas também para ameríndios, pessoas com deficiência e outros grupos.

“Queremos que todos se vejam nos livros. Mas, como mulheres muçulmanas, não nos sentimos qualificadas para falar por outras pessoas, por isso queremos ser mentoras e ensinar outros jovens a iniciar projetos semelhantes”, disse ela.

* site em inglês