A roupa faz o homem, escreveu Shakespeare em Hamlet. Ela certamente fez o mestre alfaiate Martin Greenfield, que sobreviveu ao Holocausto para tirar a medida de presidentes na Casa Branca para seus ternos feitos à mão, de estilo próprio.

Aos 88 anos ele ainda trabalha seis dias por semana em sua confecção no Brooklyn, Nova York, quando não está dando palestras inspiradoras ou participando de atividades comunitárias.
Greenfield, nascido em Pavlova, aldeia de montanha da então Tchecoslováquia, perdeu a família no extermínio dos judeus na Alemanha nazista.
Seu pai, engenheiro, disse a ele em Auschwitz: “Precisamos nos separar. Você é jovem e forte. Vai sobreviver por sua conta. Você tem de viver para nos honrar.”
E o adolescente habilidoso assim o fez e aprendeu a costurar no campo de concentração com judeus mais velhos condenados. Parentes o trouxeram aos Estados Unidos em 1947. Ele começou como ajudante na confecção que hoje é de sua propriedade.
Em pouco tempo chegou a principal alfaiate, encarregado de fazer ternos para Dwight Eisenhower antes e depois de sua eleição de 1952 à Casa Branca. Greenfield até deixava bilhetes com conselhos de política externa para Eisenhower nos bolsos dos ternos.
Quando o presidente Bill Clinton o convocou para uma prova de roupas, disse: “Sem bilhetes. Aqui está meu número de fax.” O presidente Obama é cliente, como foram as celebridades Paul Newman, Frank Sinatra e Leonardo DiCaprio e os astros do basquete Patrick Ewing e Shaquille O’Neal (ternos extra grandes para eles). O general da reserva e ex-secretário de Estado Colin Powell é um de seus clientes favoritos.
Todo terno costurado à mão é produto de muitas mãos. Ele emprega 120 imigrantes. “Temos as melhores pessoas do mundo todo”, disse Greenfield. “Eu não seria nada sem eles.”
“Não existe lugar como os Estados Unidos”, disse Greenfield. Seus filhos Jay e Tod agora dirigem o negócio.
Em 2015 vestiu trajes acadêmicos e recebeu um doutorado honorário da Universidade Yeshiva na cidade de Nova York. O reitor da universidade, Richard Joel, citou a autobiografia de Greenfield, Measure of a Man: “Todas as pessoas são perfeitas. Tenho de fazer um terno que as ajude a acreditar que podem realizar seus sonhos.”
Greenfield observou com orgulho: “Visto os dois lados do Congresso.” No passado fez vários ternos para o presidente eleito Donald Trump (tamanho 44) em seus dias de incorporador em Nova York. Agora vai esperar para ver se vai receber uma ligação do próximo ocupante da Casa Branca.
“É uma grande honra vestir presidentes”, disse Greenfield. “Faço todo mundo ter boa aparência com a roupa.”