Mohammadnor Pandatapan, 20, sempre quis ser engenheiro. Nascido e criado na cidade de Marawi, em Mindanao, nas Filipinas, seus sonhos ficaram aquém de se concretizar quando sua família não podia mais pagar pela escola.
Sem se deixar desencorajar, Mohammadnor foi em busca de oportunidades de emprego. Em 2016, ele encontrou um curso gratuito de impressão digital de camisetas oferecido pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). “Foi gratificante ver meus designs impressos”, disse ele.
Quando Mohammadnor aprendeu sobre empreendedorismo e como administrar dinheiro, ele teve um momento de epifania: “Percebi que poderia administrar meu próprio negócio.”
Ele reuniu alguns amigos e, com a ajuda de uma subvenção da Usaid, comprou equipamentos para abrir uma empresa de impressão de camisetas.
Perda de partir o coração
Logo depois que Mohammadnor conseguiu sua primeira encomenda de camiseta em maio de 2017, centenas de militantes inspirados pelo Estado Islâmico invadiram Marawi. O governo filipino lançou uma operação para recuperar a cidade. Mais de 360 mil pessoas fugiram em busca de abrigo com parentes em cidades vizinhas e centros de evacuação.
“Pensamos que poderíamos retornar a nossas casas depois de um dia ou dois, mas isso se transformou em uma guerra de grande magnitude”, disse Mohammadnor.
O conflito de cinco meses deixou o centro da cidade em escombros. “Nós perdemos tudo”, disse ele.
Poço de resiliência
Determinado a sobreviver, Mohammadnor encontrou sua tia a 97 quilômetros de Marawi e ajudou seu primo a operar um negócio de design gráfico. Em seu tempo livre, ele desenhava logotipos de camisetas sobre a reconstrução de Marawi, incluindo uma com as palavras “Bangon Marawi” (Erga-se, Marawi).
“Acredito que podemos nos recuperar dessa situação”, disse ele. Não tendo certeza de seus planos, mas cheio de esperança e resiliência, ele retornou a Marawi em janeiro de 2018.
Mohammadnor encontrou seus amigos e seu ex-instrutor Danny Arumpac, e eles reiniciaram o negócio de camisetas. Desde a reabertura de sua loja em março de 2018, eles têm vendido camisetas em feiras e estão expandindo para escolas e empresas. Enquanto isso, a Usaid ampliou seu projeto* para alcançar mais 8 mil jovens que vivem em regiões ao redor de Marawi.
“Inshallah (se Deus quiser), eu poderei voltar à faculdade para me tornar engenheiro”, disse Mohammadnor. Por enquanto, ele está reconstruindo a cidade através de uma camiseta por vez.
Uma versão mais longa deste artigo* aparece na revista Exposure da Usaid.
* site em inglês
