Mantendo vivas a música e a cultura dos índios cañaris no Equador

Cantando e marchando pela cidade no festival anual de Carnaval nas montanhas do Sul do Equador, os índios cañaris estão determinados a manter um modo de vida que alguns temem estar desaparecendo.

Eles cantam em uma mistura de quíchua e espanhol, uma vez que a língua cañari original se perdeu quando seus antepassados foram conquistados pela primeira vez pelos incas e depois submetidos ao domínio colonial espanhol.

Duas mulheres vivamente vestidas com chapéus seguram flores e preás (© Judy Blankenship/Arquivo Cultural de Cañar)
Madrinhas cañaris da Festa de Pawkar Raymi seguram flores e preás, fonte tradicional de proteína para os povos andinos e símbolo de abundância (© Judy Blankenship/Arquivo Cultural de Cañar)

Embora jovens e adultos participem das coloridas procissões do festival, os mais velhos temem que as velhas canções sobre as dificuldades do trabalho nas fazendas e as lutas da agricultura de subsistência não toquem as gerações mais novas como antigamente.

Bolsistas Fulbright estão tentando ajudar os cañaris a manter suas tradições vivas.

Judy Blankenship, fotógrafa documental do Oregon e três vezes bolsista Fulbright que passa metade do ano na província equatoriana de Cañar, escreveu dois livros sobre suas experiências. Ela está criando um arquivo de fotografias digitais e um site sobre a cultura cañari.

Há dois anos, Judy fez um apelo para um etnomusicólogo ajudar a registrar a música dos cañaris, muitos deles vivendo em pequenas aldeias espalhadas pelo interior montanhoso. Allison Adrian, professora da Universidade Santa Catarina, instituição para mulheres em St. Paul, Minnesota, se encaixou perfeitamente no chamado.

Duas pessoas com trajes elaborados tocam música em montanha (© Judy Blankenship/Arquivo Cultural de Cañar)
Dois “Taita Carnavales” tocam tambor (© Judy Blankenship/Arquivo Cultural de Cañar)

Allison, que descreve a etnomusicologia como uma combinação entre Antropologia e estudo da Música, conseguiu uma bolsa Fulbright para filmar festivais cañaris e entrevistar 60 músicos e líderes indígenas.

Inicialmente encontrou reticência e ceticismo, mas o que lhe abriu as portas foi um acordo com líderes indígenas do Instituto Quilloac, instituição bilíngue em Cañar, para dividir os direitos de seu trabalho e arquivar as gravações.

“Eles estão orgulhosos. Querem compartilhar suas tradições”, diz Allison, que está fazendo vídeos educacionais.

Embora vídeos turísticos dos festivais cañaris possam ser encontrados no YouTube, diz Judy, não existe nada tão bem documentado e organizado quanto o cada vez maior arquivo digital.

Embora algumas lalays (canções) falem de dificuldades, “também estamos felizes”, disse o músico Santiago Guaman a Allison. Os colonizadores “queriam nos extinguir, mas nós, os povos indígenas, continuamos a viver. (…) Agora estamos recuperando nossa história e nossa cultura”.

Saiba mais sobre o programa Fulbright, que apoia a pesquisa e o ensino no exterior de centenas de acadêmicos americanos todos os anos e traz centenas de acadêmicos de outros países para estudar e lecionar em campi dos EUA.