Março provoca ‘loucura’ em fãs de esportes nos EUA

É hora novamente da Loucura de Março nos Estados Unidos. É quando milhões de pessoas em todo o país se tornam torcedores dedicados do basquete universitário

Por quê? Porque março é o mês em que os torneios de basquete masculino e feminino da Associação Atlética Universitária Nacional (NCAA) são disputados.

Divisão masculina

O primeiro torneio masculino de basquete da NCAA foi disputado em 1939. O torneio foi um evento modesto. Apenas oito times competiram, e o jogo do campeonato foi disputado em uma arena meio vazia na Universidade Northwestern.

Gradualmente, porém, o torneio cresceu por causa da cobertura televisiva e porque os jogos se tornaram uma vitrine para lendas do basquete como Kareem Abdul-Jabbar, Michael Jordan, Larry Bird e Stephen Curry.

Agora, o torneio masculino* compreende 68 times que jogam durante um período de três semanas em mais de uma dúzia de arenas em todo o país. 

Este ano, os chamados Quatro Finais — os jogos finais entre as quatro melhores equipes — serão realizados no Estádio NRG, em Houston. O estádio, que é a sede do time de futebol (americano) profissional de Houston, tem capacidade para 71 mil torcedores de basquete.   

A Loucura de Março é um evento verdadeiramente nacional. No início da temporada, cada um dos cerca de 350 times de basquete universitário da primeira divisão tem a chance de fazer a chamada “Grande Dança”. Durante o torneio, milhões de pessoas assistem aos jogos — todos os jogos são televisionados — e torcem por sua universidade, faculdade ou time estadual.

O formato do torneio — um sistema de eliminação simples semelhante às eliminatórias da Copa do Mundo de futebol — é outra razão pela qual o torneio é tão popular. O vencedor de cada jogo avança, enquanto o perdedor volta para casa. Cada jogo é uma competição dramática de “vencer ou morrer” que pode ir até os segundos finais.

Bob Richey segurando um troféu cercado por jogadores (© Kathy Kmonicek/AP)
O técnico da Universidade Furman, Bob Richey, após um recente jogo de um campeonato. A Universidade Furman, que está entre os times com maior pontuação neste ano, com média de 82 pontos por jogo, participará da Loucura de Março pela primeira vez em 43 anos (© Kathy Kmonicek/AP)

O torneio é geralmente dominado por grandes instituições educacionais que gastam milhões em instalações esportivas e salários para os melhores treinadores. Nesta temporada, espera-se que potências tradicionais do basquete, como a Universidade do Alabama, a Universidade de Houston e a Universidade Purdue, bem como os atuais campeões da Universidade do Kansas, tenham um bom desempenho.

Às vezes, no entanto, instituições menores (os chamados times “Cinderela”) se tornam zebras jogando contra escolas de porte maior e mais bem classificadas, gerando um pouco da “loucura” do torneio. Em 2018, a Universidade de Maryland, no Condado de Baltimore, chocou o time número um do país, a Universidade da Virgínia, ao derrotá-lo na primeira rodada do torneio. Ainda é a única vez que um time número um perdeu na rodada de abertura do torneio masculino.

Divisão feminina

Nos últimos anos, o torneio feminino da NCAA* tem se tornado mais popular à medida que aumenta o interesse por esportes femininos nos Estados Unidos. O torneio do campeonato nacional feminino começou em 1972 e era administrado por uma organização chamada Associação de Atletismo Intercolegial Feminino (AIAW). 

Naqueles primeiros anos, instituições pequenas como a Faculdade Immaculata, na Pensilvânia, (agora Universidade Immaculata) e Universidade Estadual do Delta, no Mississippi, ganharam os campeonatos.    

O torneio feminino da NCAA agora conta com 68 times e, semelhante ao torneio masculino, é disputado em grandes arenas e dominado por instituições educacionais maiores. Nesta temporada, espera-se que potências tradicionais como a Universidade da Carolina do Sul, a Universidade de Connecticut e a Universidade de Indiana avancem para os jogos do campeonato que serão disputados em Dallas.

Dawn Staley conversando com uma de suas jogadoras no banco em um jogo de basquete (© Neil Redmond/AP)
A técnica da Carolina do Sul, Dawn Staley, espera levar os Gamecocks a repetir a conquista do campeonato nacional este ano (© Nell Redmond/AP)

O time da Carolina do Sul, que é liderado pela técnica e três vezes medalhista de ouro olímpico Dawn Staley, tem a chance de terminar a temporada invicto. A equipe de Dawn foi campeã da NCAA no ano passado e venceu 32 jogos consecutivos durante a temporada regular deste ano.

Como muitos times de basquete universitário nos Estados Unidos, o time feminino da Carolina do Sul conta com jogadoras que nasceram fora dos Estados Unidos. Kamilla Cardoso (Brasil) e Laeticia Amihere (Canadá) jogam para a técnica Dawn Staley.

Todo mês de março, fãs de basquete desfrutam de jogos competitivos disputados pelos melhores jogadores, times e treinadores de universidades e faculdades americanas. Mas sempre existe a chance de algum jogador pouco conhecido de um time “Cinderela” surpreender os favoritos. Isso é apenas parte da diversão da Loucura de Março.

O redator freelance Fred Bowen escreveu este artigo.

* site em inglês