
Quando os japoneses romperam os códigos militares usados pelos aliados para proteger os planos operacionais no Teatro de Operações do Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial, os fuzileiros navais dos EUA pediram ajuda à Nação Navajo.
O Corpo de Fuzileiros Navais selecionou 29 homens navajos para desenvolver um código baseado no complexo idioma navajo, cuja tradição é oral. Em 1942, os fuzileiros navais chegaram às praias de Guadalcanal com 15 codificadores navajos.

“Esta foi a primeira batalha onde o código navajo foi testado em uma batalha real para testar como nossa memória reagiria sob pesado fogo inimigo”, disse codificador Peter MacDonald em uma cerimônia na Casa Branca em 2017* em homenagem aos codificadores. “Bem, três semanas após o desembarque, o general Vandegrift, comandante da 1ª Divisão dos Fuzileiros Navais, enviou uma mensagem de volta aos Estados Unidos dizendo: ‘Este código navajo é fantástico. O inimigo nunca entendeu isso’, disse ele. “Também não entendemos, mas funciona. Envie-nos mais alguns navajos.’”
Os codificadores enviaram comunicações por telefone e rádio em seu idioma nativo, substituindo palavras navajo por termos militares que não faziam parte de seu idioma. Por exemplo, a palavra para “bomba” era “batata” e os nomes de diferentes pássaros representavam diferentes tipos de aeronaves. Eles também usaram termos alternativos para letras do alfabeto em inglês a fim de soletrar palavras que não faziam parte do código.
Os codificadores eram capazes de traduzir três linhas em inglês em 20 segundos, em vez dos 30 minutos necessários para codificar uma mensagem com as máquinas existentes, de acordo com o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional*. E embora essas máquinas precisassem ser mantidas seguras, um codificador com um rádio poderia ir a qualquer lugar.
Os codificadores participaram de todas as grandes operações da Marinha no Teatro Operacional do Pacífico, relatou a Rádio Pública Nacional* (NPR, na sigla em inglês), dando a seus companheiros fuzileiros navais uma vantagem importante durante a guerra. No decorrer da batalha de quase um mês por Iwo Jima, por exemplo, seis fuzileiros navais codificadores transmitiram com sucesso mais de 800 mensagens.
Os japoneses nunca decifraram o código, e atribui-se aos codificadores a criação do único código indecifrável na história militar moderna. Seu serviço continuou até o Dia da Vitória sobre o Japão, que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945.
“Vocês são pessoas especiais”, disse o presidente Trump em um evento na Casa Branca. “Vocês são pessoas realmente incríveis. E de coração, de coração absoluto, agradecemos o que vocês fizeram, como vocês fizeram, a bravura que vocês demonstraram e o amor que vocês têm por seu país.”

No final da guerra, cerca de 400 navajos serviram como codificadores e 13 foram mortos em combate. Os codificadores mantiveram seu trabalho em segredo por décadas, até que os militares revogaram o caráter secreto do programa em 1968.
Em 11 de novembro, Dia dos Veteranos de Guerra, o Museu Nacional do Índio Americano vai inaugurar o Memorial Nacional aos Veteranos Ameríndios* em Washington para homenagear o serviço militar dos índios americanos, incluindo os codificadores.
Em 2001, o presidente George W. Bush concedeu a Medalha de Ouro do Congresso aos 29 codificadores originais por criarem o código, e a Medalha de Prata do Congresso para homenagear as dezenas de outros que serviram.
“Nos recordamos de uma história que todos os americanos podem comemorar e que todos os americanos deveriam saber”, disse Bush na cerimônia. “É a história de um povo antigo chamado para servir em uma guerra moderna. É a história de um código oral indecifrável da Segunda Guerra Mundial, mensagens transmitidas por rádio de campo em Iwo Jima no mesmo idioma ouvido no planalto do Colorado há séculos. Acima de tudo, é uma história de jovens navajos que trouxeram honra para sua nação e vitória para seu país.”
* site em inglês