Na China não se pode dizer estas palavras

A China possui uma das populações mais inteiradas em termos de mídias sociais e ativas na esfera on-line do mundo, com mais de 800 milhões de usuários da internet. No entanto, devido à censura opressiva da internet por parte do governo chinês, tudo o que os cidadãos chineses veem é restrito e controlado.

Para impor a censura e promover as convicções do Partido Comunista Chinês, o governo emprega “dezenas de milhares de pessoas nas esferas nacional, provincial e local para monitorar as comunicações eletrônicas e o conteúdo on-line”, de acordo com o Relatório de Direitos Humanos do Departamento de Estado. Esse monitoramento inclui a revisão de cartas pessoais, telefonemas, publicações em mídias sociais, além de notícias e publicidade on-line.

O que não se pode ver ou falar na China? A seguir, seguem apenas alguns exemplos de palavras e frases censuradas atualmente ou no passado por Pequim.

Bandeira chinesa atrás de Ursinho Puff com tarja preta sobre os olhos (Depto. de Estado/D. Thompson)

      • Ursinho Puff (小熊维尼) — Os internautas chineses usam imagens do Ursinho Puff para representar o presidente Xi Jinping.
      • Baozi (包子) — Bolinho de massa cozido ao vapor. Um dos apelidos de Xi Jinping on-line.
      • Dalai Lama (达赖喇嘛) — O líder tibetano no exílio. Um símbolo da independência tibetana.
      • Independência do Tibete (西藏独立) — Falar sobre a independência para o Tibete é proibido.
      • Piadas soviéticas (苏联笑话) — Zombar da União Soviética é considerado ridicularizar o comunismo.
      • Vai, Hong Kong (香港加油) — Apoio aos protestos pró-democracia em Hong Kong.
      • 709 (709律师) — Um grupo de ativistas e advogados de direitos humanos preso em 9 de julho de 2015.
      • Liu Xiaobo (刘晓波) — Ativista de direitos humanos ganhador do Prêmio Nobel preso pela China.
      • Grande firewall (mecanismo de proteção) da China (伟大的防火墙) — O próprio ato de discutir a censura chinesa é censurado.
      • Ditadura (专政) — É proibido sugerir ou dizer que a China é uma ditadura.
      • Praça da Paz Celestial (Praça Tiananmen) (天安门) — Quaisquer referências aos protestos pró-democracia de 1989 que terminaram em derramamento de sangue.
      • 4 de junho (六四) — Data dos protestos na Praça da Paz Celestial de 1989.
      • Zhao Ziyang (赵紫阳) — Ex-secretário-geral do Partido Comunista Chinês que apoiou as manifestações de 1989 na Praça da Paz Celestial.
      • Homem dos tanques (坦克人) — A famosa imagem de um chinês não identificado que se posicionou em frente a uma fileira de tanques na Praça da Paz Celestial em 1989.

    Ilustração de pessoa com tarja preta na boca segurando um megafone; ao fundo, a bandeira chinesa (Depto. de Estado/D. Thompson)

    “O Partido Comunista Chinês está construindo um Estado de vigilância diferente de tudo que o mundo já viu”, disse o vice-presidente Pence* no Centro Internacional Woodrow Wilson para Acadêmicos em outubro. A censura é a “marca registrada do regime [da China]”.

    * site em inglês

    Uma versão deste artigo publicada em 20 de novembro de 2019.