O Silício (número atômico 14, para aqueles que conhecem) está por todos os lados. Este elemento compõe um quarto da crosta terrestre. Homens pré-históricos o usaram em suas primeiras ferramentas. E os homens de hoje o transformaram em parte fundamental das ferramentas modernas: como o silício é um bom semicondutor, os chips de processadores que acionam os computadores têm esse elemento como base.

E é por isso que parte da Califórnia ao sul da Baía de São Francisco, onde estão localizadas as sedes de gigantes da tecnologia como Apple, Google e Facebook, entre muitas outras, é conhecida como Vale do Silício.
A região é famosa pelos jovens empreendedores que transformaram ideias brilhantes em negócios de bilhões de dólares, pelos investidores de risco que bancaram os sonhos daqueles jovens e, principalmente, pelas inovações.
Outras regiões nos EUA e em outros países tentaram repetir a fórmula. Você vai encontrar essas iniciativas perto de Nova York e Boston, na Noruega (SiliconFjord), Alemanha (Vale do Silício da Saxônia), Índia (Bangalore), China (o centro tecnológico Zhongguancun em Pequim), Israel (Silicon Wadi), Dubai (Oásis de Silício), Quênia (Savannah de Silício) e Brasil (Campinas).
Muitos desses lugares têm start-ups bem-sucedidas, mas nenhum deles conseguiu chegar perto do Vale do Silício, um trecho de 32 quilômetros no Vale de Santa Clara que inclui San Jose, Mountain View e Palo Alto, onde fica a Universidade de Stanford.

No livro Os Segredos do Vale do Silício, a autora Deborah Perry Piscione compara a região a “um vulcão ativo que entra em erupção a cada poucos anos” com ideias, tecnologias e modelos de negócios inovadores.
A erupção começou um século atrás com avanços da engenharia nas áreas de rádio e eletrônica. Em 1938, os fundadores da Hewlett-Packard, Bill Hewlett e Dave Packard, lançaram sua primeira invenção, um dispositivo para testar equipamentos de som, em uma garagem alugada de Palo Alto. E Steve Jobs fez muitos experimentos em sua casa até lançar com Steve Wozniak o primeiro computador da Apple, em 1976.

Inovadores imigrantes descobriram que o Vale do Silício é especialmente hospitaleiro. O cofundador do Google Sergey Brin nasceu na Rússia; o CEO da Microsoft, Satya Nadella, é da Índia; Elon Musk, cofundador do PayPal e diretor da Tesla Motors e da SpaceX, nasceu na África do Sul; e Andrew Grove, falecido CEO da Intel, era húngaro.
Os americanos vêm migrando para o oeste há tempos para abrir empresas no Vale do Silício, como o inventor do transistor William Shockley e o magnata do Facebook, Mark Zuckerberg, que foi para Palo Alto após lançar a rede social a partir de um dormitório em Harvard em 2004.
Todos foram atraídos por um ambiente que recompensa a inovação e tolera o fracasso. A maioria das start-ups não decola, mas isso não impede que aspirantes a empreendedores continuem se esforçando para emplacar suas próximas grandes ideias.

O Vale desfruta de uma série de vantagens, mas, como o cofundador do LinkedIn Reid Hoffman explica, “o Vale do Silício é um estado de espírito, não um lugar”.