Nos EUA, detalhes financeiros de empresas públicas são transparentes para todos

Nuvens e sol refletidos em um edifício (© Andrew Harnik/AP Images)
A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA coloca informações sobre empresas de capital aberto em um banco de dados fácil de usar (© Andrew Harnik/AP Images)

Nos EUA, todos os investidores, e até mesmo possíveis investidores, têm o direito de saber os detalhes financeiros de empresas nas quais eles estão investindo.

Empresas públicas que levantam capital em mercados dos EUA ou estão querendo obter capital devem apresentar documentos para reguladores federais. Reguladores dos EUA garantem que os registros sejam transparentes para o público, incluindo jornalistas e concorrentes, em um banco de dados confiável e fácil de pesquisar. Essa transparência protege os investidores contra fraude financeiro.

A Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês), agência federal independente, coloca as declarações anuais corporativas, declarações trimestrais, relatórios da assembleia de acionistas e outras informações financeiras em um banco de dados fácil de usar chamado sistema Edgar* (sigla em inglês equivalente a Coleta, Análise e Recuperação de Dados Eletrônicos).

“O Edgar fornece a investidores e ao público informações financeiras muito detalhadas sobre empresas de capital aberto”, afirma Martha Steffens, professora de Jornalismo Financeiro da Universidade de Missouri. Martha trabalha com a Sociedade para o Avanço da Edição e Redação Empresarial e já capacitou jornalistas financeiros em mais de 40 anos.

O banco de dados Edgar torna o registro de milhões de empresas transparentes a investidores, corporações e jornalistas. Ao pesquisar o nome de uma empresa, um usuário pode trazer à tona tudo o que a empresa já compartilhou com reguladores.

O Edgar oferece uma descrição detalhada da saúde financeira de uma empresa. É possível encontrar lucros e perdas, bem como uma infinidade de informações sobre os proprietários da empresa. O banco de dados também lista notificações sobre as principais questões financeiras/contábeis ou processos legais que uma empresa enfrenta.

“Edgar é um recurso inestimável para repórteres”, diz Nate DiCamillo, repórter de economia da Quartz. “Eu o uso para ser alertado rapidamente sobre as ações de fiscalização da SEC contra empresas, bem como para dar uma olhada rápida nas finanças das empresas públicas.”

Segundo a SEC, o Edgar processa cerca de 3 mil registros por dia, serve até 3 mil terabytes de dados ao público anualmente e acomoda 40 mil novos declarantes por ano em média.

Caneta e calculadora sobre relatório numérico (© create jobs 51/Shutterstock.com)
(© create jobs 51/Shutterstock.com)

Dentre os relatórios apresentados à SEC estão:

  • Relatórios anuais e trimestrais.
  • Formulários de referência sobre assembleias de acionistas.
  • Relatórios de remuneração dos executivos.
  • Transações de gestores corporativos e empreendedores — executivos, diretores e grandes acionistas.
  • Detalhes de fusão e aquisição.
  • Registros e prospectos de ofertas públicas iniciais e outras ofertas.
  • Declarações sobre crowdfunding baseado em títulos, uma forma de arrecadar dinheiro de pequenos investidores individuais ou de um grande número de pessoas.
  • Emissores privados estrangeiros (certas empresas públicas formadas fora dos EUA que devem apresentar formulários à SEC).
  • Extratos regulares de fundos mútuos e fundos negociados em bolsa.

O acesso ao banco de dados público do Edgar é gratuito. “O Edgar cria um mercado de títulos que é eficiente, transparente e justo”, diz Steffens. “Sem o Edgar, aqueles com informações privilegiadas poderiam lucrar às custas do público em geral.”

A redatora freelance Holly Rosenkrantz escreveu este artigo.

* site em inglês