O governo chinês insiste que sua prática de deter e “reeducar” uigures e outras minorias étnicas muçulmanas faz parte de operações legítimas de combate ao terrorismo.
Provas irrefutáveis demonstram que isso não é verdade.
Analise os fatos. Autoridades chinesas internaram mais de 1 milhão de uigures, cazaques étnicos e outros muçulmanos em campos de internamento onde os prisioneiros são forçados a renunciar suas identidades religiosas e étnicas e jurar lealdade ao Partido Comunista. A verdade é que, nesses campos, as pessoas são torturadas e obrigadas a fazer trabalho forçado. Principais alvos: intelectuais uigures que usam seu talento para redação e ensino a fim de promover a cultura uigur.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos proclama o direito que todo ser humano tem “de manifestar sua religião ou crença através de ensino, prática, adoração e observância”. A China não é apenas uma signatária da Declaração, mas também participou de sua elaboração em 1948.
O governo chinês:
- Demoliu cemitérios uigures* com o intuito de impedir que famílias observassem a tradição uigur e ritos funerários islâmicos.
- Proibiu pais de darem nomes islâmicos aos filhos.
- Forçou muçulmanos a comer carne de porco ou a beber álcool — ambas práticas proibidas no Islã — que nada têm a ver com terrorismo e tudo a ver com forçar famílias muçulmanas a não praticar sua religião.

“A campanha repressiva da China em Xinjiang não é sobre terrorismo”, disse o secretário de Estado, Michael R. Pompeo, em uma reunião dos Estados da Ásia Central* durante a Assembleia Geral da ONU em setembro. Trata-se “de uma tentativa da China de extinguir a religião e a cultura muçulmanas de seus próprios cidadãos”.
Naquela mesma semana, o embaixador chinês alegou que os campos são experimentos úteis e preventivos de combate ao terrorismo.
O subsecretário de Estado John Sullivan rejeitou categoricamente as alegações da China, afirmando que a ideia de que o governo chinês está realizando um combate ao terrorismo é uma “narrativa falsa”. Os muçulmanos uigures “podem ser detidos por simplesmente possuir livros sobre a religião e a cultura uigur, recitar versos do Alcorão em um funeral, ou até mesmo trajar vestimentas que exibem o crescente muçulmano”, disse ele.
“O que a China está fazendo não é combate ao terrorismo”, afirmou Sam Brownback, embaixador-geral em Defesa da Liberdade Religiosa Internacional, do Departamento de Estado, em um artigo em maio*. “É uma repressão hedionda, em grande escala.”
* site em inglês
Uma versão deste artigo foi publicada originalmente em 3 de dezembro de 2019.