O flagelo global da violência de gênero

A Organização Mundial da Saúde estima que uma em cada três mulheres sofreu ou sofrerá violência de gênero (VDG) durante a vida delas.

Desde o início da pandemia, 38% das mulheres já sofreram violência on-line pessoalmente e 85% das mulheres conhecem alguém que foi alvo de violência on-line, segundo um estudo da empresa de mídia Economist Intelligence Unit, divisão de pesquisa e análise do Grupo Economist.

A prevenção e a resposta à VDG é uma prioridade do Departamento de Estado dos EUA, diz Katrina Fotovat, funcionária sênior do Escritório para Questões Globais da Mulher.

“A violência de gênero certamente foi exacerbada desde a pandemia”, disse ela ao ShareAmerica. “Isso ocorre em todos os países e em todos os níveis da sociedade, em ambientes públicos e privados, on-line e off-line. Mulheres e meninas realmente enfrentam um risco desproporcional de violência de gênero, mas pessoas de todos os gêneros podem ser alvo desse tipo de violência.”

O que é violência de gênero?

De acordo com as Nações Unidas, a violência de gênero inclui danos sexuais, físicos, mentais e econômicos infligidos em público ou em privado. Também pode incluir coerção, manipulação e ameaças de violência.

Mulher com roupas tradicionais massai carregando tigela de óleo no meio de uma multidão (© Thomas Mukoya/Reuters)
Felistar Titian, da comunidade Maasai, carrega óleo para abençoar meninas durante um rito alternativo de passagem para a idade adulta, evitando a tradicional mutilação genital no condado de Kajiado, no Quênia, em abril (© Thomas Mukoya/Reuters)

Violência praticada por parceiro íntimo; casamento infantil, precoce e forçado; mutilação ou corte genital feminino; tráfico sexual; infanticídio feminino; e assassinatos de “honra” são todas formas de violência de gênero.

A OMS relata* que os incidentes de violência entre parceiros íntimos são mais altos no Sul da Ásia e na África Subsaariana, embora essa forma de VDG permaneça persistentemente alta em todas as regiões do mundo.

“Indivíduos que enfrentam formas sobrepostas de discriminação correm um risco maior de sofrer VDG; então realmente tentamos adotar uma abordagem interseccional em nosso trabalho”, diz Katrina. “Por exemplo, mulheres com deficiência são quatro vezes mais propensas do que outras mulheres a sofrer violência sexual.”

Trabalhando para abordar as causas principais da VDG

Além de trabalhar na próxima atualização da Estratégia dos EUA para Prevenir e Responder à Violência de Gênero Globalmente, o Departamento de Estado está se unindo a agências governamentais e ao setor privado a fim de implementar uma abordagem centrada no sobrevivente no que diz respeito à VDG, que inclui:

  • Fornecer recursos legais para sobreviventes de violência de gênero no exterior.
  • Coordenar com especialistas visando alocar recursos para sobreviventes de violência de gênero em nível comunitário.
  • Fornecer em conjunto (com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) US$ 175 milhões para prevenir e responder à VDG.

O Departamento de Estado também apoia esforços que visam educar todos a serem defensores da eliminação da violência de gênero.

Homem sentado à mesa, gesticulando, em uma sala com outras pessoas (Usaid/Michael Duff)
Aliou Kamara fala durante uma sessão de grupo de ouvintes de rádio do Projeto Mulheres Empoderadas para Liderança e Desenvolvimento, da Usaid, no distrito de Bombali, em Serra Leoa (Usaid/Michael Duff)

“Uma parte essencial de nossa política externa e esforços de assistência é abordar as desigualdades estruturais e normas sociais”, diz Katrina. “Nossa abordagem inclui envolver homens e meninos em esforços de prevenção de curto e longo prazo, e equipar jovens para se tornarem defensores em suas comunidades visando desafiar normas de gênero prejudiciais e criar uma sociedade mais justa e pacífica.”

E como parte dos 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero — uma campanha internacional anual para educar sobre VDG — Katrina incentiva todos a serem defensores da igualdade de gênero na vida diária e a pesquisar organizações locais para prestar apoio.

“Precisamos de pessoas de todas as origens e de todas as comunidades para defender a igualdade de gênero”, disse ela. “A VDG é realmente uma questão de direitos humanos que afeta a todos nós.”

* site em inglês e vários outros idiomas