
O dia 18 de julho marca o centenário do nascimento de Nelson Mandela. Em todo o mundo, as pessoas estão refletindo sobre o que o ícone anti-apartheid e ganhador do Prêmio Nobel da Paz significa para eles, quase cinco anos após sua morte.
Conheça algumas dessas pessoas e veja como os ensinamentos de Mandela resistem à passagem do tempo.
“Educação é a arma mais poderosa”
Na Escola de Ensino Fundamental Watkins, pública, predominantemente afro-americana e localizada a uma curta distância do Capitólio dos EUA, a responsabilidade de ensinar a próxima geração sobre Nelson Mandela recai sobre Rashida Green, professora de Alfabetização e Ciências Sociais da quinta série.

Rashida, 41, dedica duas semanas da unidade de direitos civis e multimídia à vida de Nelson Mandela.
Ela se identifica com Mandela porque nasceu e foi criada no Mississippi, estado com sua própria história de conflitos raciais. Ela ensina os alunos sobre o apartheid comparando-o com as leis de Jim Crow consideradas inconstitucionais no Sul. Essa legislação segregou negros e brancos em lugares públicos durante décadas.
Os alunos de Rashida assistem a vídeos sobre a vida de Nelson Mandela e leem dois livros: “Longa Caminhada Até a Liberdade”, de autoria de Mandela, e “Who Was Nelson Mandela?” (Quem foi Nelson Mandela?, em tradução livre). Posteriormente, os alunos escrevem um relatório sobre como eles também podem fazer a diferença.
“Eles são meus transformadores do mundo”, disse ela. “E acredito que eles consigam e, portanto, ele [Mandela] é um grande exemplo e uma inspiração para eles (…) saberem que, com educação formal, você consegue mudar o mundo.”
“Há muito que nos une”
Todos os anos desde 2008, os alunos do grupo de jovens do Museu Nelson Mandela na África do Sul viajam para a Alemanha a fim de aprender sobre o Holocausto. Anka Johow ajudou a liderar a viagem quando trabalhou na Associação Cristã de Moços (ACM) na Alemanha, de 2005 a 2015.
Os alunos aprendem sobre a história em um acampamento de jovens que a associação administra com seus parceiros e outras ACMs, envolvendo jovens de Israel, Belarus, Holanda, Polônia, Eslováquia, Rússia, Lituânia e Alemanha.
Anka também queria que os europeus entendessem o que representou o apartheid. Assim, em 2012, a associação e o museu juntaram forças a fim de organizar uma viagem à África do Sul para aprender sobre o apartheid, a lei da terra naquele país de 1948 até 1994. Eles ouviram depoimentos de pessoas que tinham sido presas na Ilha Robben — onde Mandela ficou detido por 27 anos.
“Não queremos apenas falar sobre a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto e a Europa; também queremos falar sobre o apartheid e o seu significado”, disse Anka, agora com 31 anos de idade, que mora em Montreal e trabalha na organização evangélica Power to Change Ministries (Ministérios Poder para Mudar, em tradução livre). “Há muito que nos une, como esperanças comuns e sonhos comuns (…) e usufruir do benefício que resulta de conhecer pessoas multiculturais.”
“Luz de esperança” para diplomata americano

Uma das primeiras atribuições de Alvin Murphy como produtor de televisão foi cobrir a visita de Mandela a Washington em 1990. Mandela era há muito tempo uma “luz de esperança” para ele.
“Por ter crescido no Sul como jovem negro na Carolina do Norte, eu também tinha sofrido discriminação, preconceito e segregação, quando não tínhamos permissão para beber nos mesmos bebedouros que os brancos usavam, comer em determinados restaurantes, ou mesmo morar em certos bairros”, diz Murphy. Ele também se lembra de colher algodão em plantações das redondezas com o intuito de ganhar um dinheiro extra e ajudar sua família.
Murphy diz que aprendeu com Mandela sobre “a importância de adotar uma postura moral e ética de superioridade e não ser atraído por emoções negativas ou comportamentos de ódio, vingança ou culpa”.
Hoje, Murphy trabalha no Departamento de Estado dos EUA como funcionário encarregado de políticas especializado em assuntos relacionados à África. Ele se reúne com futuros líderes da África por meio do programa Bolsa de Estudos Mandela Washington do Departamento de Estado, que oferece seis semanas de capacitação em liderança e desenvolvimento profissional a centenas de jovens africanos.
“Todos os anos, tenho a oportunidade de compartilhar com os bolsistas da Mandela Washington o que aprendi com Mandela”, diz Murphy, acrescentando que o exemplo de Mandela “mudou minha vida para sempre”.
Este artigo foi escrito pela redatora freelance Lenore T. Adkins.