O poder positivo de um drama adolescente da MTV

Um drama do canal MTV exibido em toda a África tem tido tanto êxito em divulgar uma mensagem sobre HIV e Aids e em convencer o público espectador a mudar seu próprio comportamento arriscado que gerou spin-offs (séries derivadas desta) em outras regiões com o intuito de tratar de temas delicados relevantes entre os jovens.

Shuga*, da MTV, é, de certa forma, como outros dramas adolescentes — aborda os altos e baixos dos relacionamentos entre os jovens no programa. Mas as brigas calorosas entre seus principais atores incluem conversas francas sobre o status do HIV e sobre fazer o teste para detectar o vírus causador da Aids.

Lançada em 2009 pela fundação Staying Alive* (Mantendo-se Vivo, em tradução livre) da MTV, Shuga segue um elenco de jovens em constante mudança à medida que lidam com os desafios da vida, incluindo cenários que os colocam em risco de contrair o HIV. Ao longo dos anos, a série foi filmada em Joanesburgo; Lagos, Nigéria; e Nairóbi, no Quênia.

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Em um estudo** conduzido pelo Banco Mundial, os pesquisadores analisaram o impacto que assistir à Shuga exerceu sobre o sexo de risco e testes de HIV. O estudo que envolveu 7 mil jovens nigerianos descobriu que as pessoas que assistiram à série tiveram comportamentos mais saudáveis após um período de seis a oito meses. Poucos meses depois de fornecer aos participantes do estudo informações sobre os centros de testes de HIV mais próximos, os pesquisadores descobriram que era duas vezes mais provável que os adolescentes que haviam assistido à série fossem testados do que os que não haviam assistido.

Victor Orozco, do Banco Mundial, um dos pesquisadores principais do estudo, disse que, na maioria das campanhas para mudar o comportamento em relação ao HIV nos países em desenvolvimento, os índices alcançados nem chegaram perto aos dessa série. “A MTV sabe como alcançar o público”, diz Orozco.

As intervenções de saúde pública frequentemente se concentram na educação e no cuidado. Porém, embora às vezes as pessoas possam até ter conhecimento sobre um risco para a saúde, elas não tomam medidas para se protegerem. Campanhas de mudança de comportamento como se vê em Shuga tentam preencher essa lacuna.

A série Shuga usa componentes de programação secundária para atingir o público e ampliar sua mensagem. As campanhas via SMS permitem que os espectadores interajam com o show em um nível pessoal, respondendo a perguntas da pesquisa sobre as escolhas dos personagens. A programação de rádio amplia a narrativa para regiões com baixo acesso à televisão. Além disso, a Staying Alive capacita parceiros da comunidade local para usar a programação da Shuga para educação por pares — o componente que o parceiro Pepfar acredita ser mais eficaz.

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“Temos a capacidade de falar sobre temas bastante tabus, porque nossos espectadores veem a MTV como um parceiro”, diz Georgia Arnold, diretora-executiva e fundadora da Staying Alive. “Nós tratamos esses jovens como parceiros-chave.”

Agora, a MTV espera expandir seu modelo para o Egito e a Índia com duas séries derivadas dessa* que exploram temas tabu relevantes para seus novos cenários, como a mutilação genital feminina e a violência de gênero. Embora ambas as séries estejam programadas para ir ao ar até 2020, Arnold diz que sua equipe está aprendendo com jovens do Egito e da Índia sobre os problemas que integrarão o enredo das primeiras temporadas.

* site em inglês
** PDF em inglês