A obra deste diretor japonês influenciou de maneira duradoura o cinema americano

Ao falar sobre o lendário roteirista e diretor japonês Akira Kurosawa, os maiores cineastas vivos dos Estados Unidos ressaltam um tema comum. Eles reverenciam Kurosawa.

George Lucas, criador de “Guerra nas Estrelas”, disse que Kurosawa “exerceu uma influência tremenda em minha vida e carreira”. Steven Spielberg admira o “fascinante conjunto de sua obra que continua a inspirar todos nós”. Martin Scorcese diz que “Kurosawa foi meu mestre assim como de muitos outros”.

“Você pode ver sua influência por toda parte no trabalho desses cineastas”, disse o acadêmico Michael Jeck se referindo a Kurosawa, cuja carreira se estendeu por seis décadas.

David Desser, que leciona Cinema na Universidade Chapman, disse que quando se assiste aos filmes de Kurosawa, “veem-se momentos que são citados e copiados [em filmes posteriores]: como lidar com multidões e usar câmera lenta em cenas de ação”.

O filme “Rashomon” de 1950, no qual um crime é narrado a partir de quatro pontos de vista diferentes, tornou o nome de Kurosawa famoso no cinema internacional. O filme ganhou o mais alto prêmio do prestigioso Festival de Cinema de Veneza e introduziu o cinema japonês para o Ocidente.

Mas foi “Os Sete Samurais” de Kurosawa que exerceu a influência mais duradoura. Desser afirma que esse filme influenciou mais filmes do que quase qualquer outro.

A história de um samurai contratado para montar um pequeno grupo a fim de proteger uma cidade contra a investida de bandidos foi filmada novamente nos Estados Unidos e lançada no Brasil com o título de “Sete Homens e um Destino”. No entanto, os elementos de sua história ecoam em filmes tão diversos como “Os Vingadores: The Avengers”, “Onze Homens e um Segredo” e “Vida de Inseto”.

George Lucas reconhece que o enredo de seu filme original “Guerra nas Estrelas” foi adaptado de outro filme de Kurosawa, “A Fortaleza Escondida”.

“Ele não faz histórias insignificantes sobre pessoas insignificantes”, disse Jeck. “Todos os seus personagens são importantes”.

Desser aponta para um dos temas recorrentes de Kurosawa a fim de explicar sua influência contínua. “Ele está interessado no que torna homens em heróis.”

Francis Ford Coppola, diretor dos filmes da série “O Poderoso Chefão” e de “Apocalypse Now”, resumiu a notável carreira de Kurosawa dizendo: “Algo que distingue Akira Kurosawa é o fato de que ele não fez uma ou duas obras-primas: ele fez oito delas.”

“Isso é o Shakespeare do cinema”, disse Jeck. “É simples assim.”


Destaques da carreira de Kurosawa

Rashomon (1950)

Um samurai morto, sua esposa traumatizada, seu agressor e uma testemunha contam quatro versões diferentes do que aconteceu em uma floresta.

Os Sete Samurais (1954)

Um vilarejo ameaçado por bandidos contrata um grupo de samurais para proteger a localidade.

A Fortaleza  Escondida (1958)

Um filme mais leve e divertido de Kurosawa. Um soldado e dois camponeses escoltam uma princesa por entre a linha do inimigo até levá-la a um lugar seguro. Substitua os camponeses por androides e você terá “Guerra nas Estrelas”.

Yojimbo – O Guarda-Costas (1961)

Um samurai sem mestre chega a uma cidade dominada por duas gangues violentas e usa de artimanhas para que elas se destruam.

Céu e Inferno  (1963)

Um executivo se envolve no sequestro de uma criança. “Um dos maiores filmes de detetive de todos os tempos”, declara Michael Jeck.

Ran (1985)

Adaptado da peça teatral “O Rei Lear”, “Ran” conta a história de um chefe guerreiro que baniu um filho e acabou sendo traído por outros dois.


Filmes americanos inspirados por Kurosawa

A Guerra nas Estrelas
(A Fortaleza Escondida)
Sete Homens e um Destino
(Os Sete Samurais)
Por um Punhado de Dólares
(Yojimbo – O Guarda-Costas)
Vida de Insecto
(Os Sete Samurais)