Quando o papa Francisco discursar no Congresso dos EUA agora em setembro, ele será o primeiro pontífice a se dirigir aos congressistas americanos e apenas o segundo líder religioso (caso se considere a rainha Elizabeth II do Reino Unido, que também dirige a Igreja Anglicana). Desde o primeiro Congresso em 1789, somente 118 líderes ou dignitários estrangeiros foram convidados a discursar em uma sessão conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados.

O pontífice já se pronunciou sobre mudanças climáticas e outras questões que dividem muitos congressistas. Um assessor do papa disse que Francisco falará “com franqueza mas em tom amigável”* ao Congresso.

O presidente da Câmara dos Deputados, John Boehner, que fez o convite* a Francisco, disse que sua mensagem pastoral “desafia pessoas de todas as fés, ideologias e partidos políticos”. Boehner acrescentou que a ocasião vai “oferecer uma excelente oportunidade para o povo americano e para as nações do mundo ouvirem sua mensagem por completo”.

Outras figuras respeitadas usaram o pódio do Congresso para pronunciar palavras memoráveis:

  • Apenas três semanas depois do ataque de 1941 a Pearl Harbor, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill disse ao Congresso reunido: “Os senhores não subestimam, estou certo, a gravidade da provação pela qual os senhores e nós ainda temos de nos submeter”. E ele falou sobre como as duas nações defenderiam “tudo o que é prezado pelos homens livres”.
  • Falando ao Congresso em 1990, seis meses depois de ser solto da prisão, o sul-africano Nelson Mandela disse aos legisladores que o convite deles “derivava de seu próprio desejo de comunicar uma mensagem para o nosso povo e (…) dar às pessoas a oportunidade de dizerem o que elas querem dos senhores”. Os sul-africanos “demandam democracia”, disse. Ele havia passado 27 anos na prisão porque “teria sido imoral ficar quieto enquanto uma tirania racista procurava reduzir um povo inteiro a uma situação pior do que a de bestas da floresta”.
  • Dias depois da queda do Muro de Berlim em 1989, Lech Walesa, que era presidente do Sindicato Solidariedade da Polônia, iniciou seu pronunciamento no Congresso com as palavras de abertura da Constituição dos EUA. “Nós, o povo”, disse e fez uma pausa. “Não preciso explicar que eu, um eletricista de Gdansk, também tenho direito a evocá-las”, disse. Ele conclamou por assistência americana a países que estavam iniciando a transição do comunismo.

*site em inglês