Nos EUA, empresas que promovem o consumo consciente de energia estão instalando painéis solares, turbinas eólicas e outros equipamentos geradores de energia em suas instalações para reduzir os custos e as emissões de gases de efeito estufa.
Desde a varejista Walmart Inc. à empresa tecnológica gigante Google Inc., à montadora de automóveis BMW AG, empresas estão gerando a própria eletricidade para alimentar prédios e equipamentos. Às vezes até vendem energia excedente para a rede elétrica.
O número de unidades de geração de energia em instalações comerciais nos EUA mais do que quadruplicou de 2006 a 2013, chegando a 40 mil, segundo estimativas do jornal Wall Street Journal com base em estatísticas federais.
A motivação comercial
“É de baixo custo”, afirmou Joseph Stanislaw, assessor da empresa de consultoria Deloitte LLP. As principais razões são o aumento dos preços da eletricidade, a queda dos preços de equipamentos solares e eólicos e menores custos de instalação. Os descontos e créditos tributários concedidos pelo governo também tornam a geração de energia viável onde talvez não teria sido possível há alguns anos.

Unidades in situ normalmente não atendem a todas as necessidades de um estabelecimento. Mas mesmo fornecendo parte da eletricidade necessária, essas unidades podem resultar em uma economia significativa. A energia responde por 5%-20% dos custos totais de uma empresa comum, segundo um relatório da Deloitte co-redigido por Stanislaw.
Empresas fora do setor energético investem em geração de energia para ter uma reserva para épocas de queda de energia e para operar de modo sustentável do ponto de vista ambiental.
Ambientalistas gostam da autogeração porque depende principalmente de energias renováveis. Essa autonomia é crucial para acelerar a transição para uma economia de energia limpa e com emissões de carbono reduzidas, segundo Jim Marston, vice-presidente do Environmental Defense Fund (Fundo de Defesa Ambiental, em tradução livre).
O alcance dos varejistas
Os varejistas Walmart e Inter Ikea Systems B.V. visam obter toda a energia de que precisam de fontes renováveis. Walgreen Co., a maior cadeia de farmácias dos EUA, terá mais lojas com painéis solares do que qualquer outra empresa nos EUA assim que completar sua atual expansão para energia solar. (A rede agora ostenta painéis solares em 150 de suas lojas.) Se bem-sucedidas, essas empresas registrarão sucessos significativos, dizem especialistas. Mas sua influência sobre fornecedores e concorrentes é ainda mais importante. “Com nosso tamanho e escala, a Walmart está em uma posição única de incentivar a inovação e acelerar a adoção de alternativas de baixo custo e energia limpa”, afirmou Kim Saylors-Laster, vice-presidente de Energia da Walmart.

Mudanças no mercado
Nem todos são favoráveis à energia autogerada. Empresas de serviços públicos temem que isso reduza a demanda de energia e o poder de determinar preços, ameaçando sua receita e perspectivas de crescimento, segundo o Instituto Edison Electric, uma associação comercial.
Mas algumas empresas de serviços públicos estão se estabelecendo nas operações relacionadas a energias alternativas para proteger seus lucros. Edison International, uma das maiores empresas de serviços públicos dos EUA, adquiriu a SoCore Energy, firma sediada em Chicago que instala sistemas solares em terraços para empresas como Walgreens e outras. A empresa de energia MidAmerican gastou US$ 1,9 bilhão em 448 turbinas eólicas para projetos por todo o estado de Iowa, que inclui fornecer energia para uma instalação da Google.
Por ora, geração de energia in situ representa menos de 5% da produção de eletricidade dos EUA, segundo a Administração de Informações sobre Energia dos EUA. Porém, grupos de empresas de serviço público e ambientalistas veem isso como algo significativo: “Começa a mudar a ordem natural do setor”, disse Stanislaw.