Uma das universidades de maior prestígio da China removeu “liberdade de pensamento” de seu estatuto.
A Universidade Fudan, localizada em Xangai, substituiu recentemente a expressão por uma linguagem que promove o “Pensamento de Xi Jinping”. Essa ação parece fazer parte dos esforços do Partido Comunista Chinês (PCC) de aprofundar sua influência na sociedade chinesa.

O PCC já censura de maneira rigorosa o discurso, até banindo palavras em jornais e mídias sociais. Mas as mudanças no estatuto da universidade — como o que Fudan e outras duas universidades chinesas em Nanjing e Shaanxi fizeram recentemente — se inserem em uma tendência maior que busca restringir o controle acadêmico sob a liderança do secretário-geral, Xi Jinping. O partido também demitiu acadêmicos que o criticaram.
Em um tuíte publicado pela Rádio Ásia Livre, um pequeno grupo de estudantes da Universidade Fudan se reuniu na cantina da universidade para protestar contra essas mudanças no regulamento. Os alunos cantaram o hino da escola, que contém uma referência à “liberdade de pensamento”.
【復旦修改大学章程删「学术独立、自由」字眼】
【师生不满聚集食堂高唱校歌表达不满】
上海復旦大学等多家高等学府近日相继修改大学章程,删除「独立之精神,自由之思想」等字眼。事件引起师生不满,在復旦食堂,有学生聚集,以唱校歌方式表达立场。其中两句歌词说:"復旦復旦復旦,日月光华同灿烂" pic.twitter.com/rfriv4ZXZi— 自由亚洲电台 (@RFA_Chinese) December 18, 2019
Os estudantes correram o risco de serem punidos por se manifestarem contra a mudança de estatuto. Em 2019, autoridades comunistas detiveram e perseguiram 50 estudantes e recém-formados que defendiam melhores direitos trabalhistas em Pequim, de acordo com o relatório anual de 2019* da Comissão Executiva do Congresso sobre a China, parte do governo dos EUA, divulgado em 8 de janeiro.
Tais esforços para controlar o corpo discente são especialmente sensíveis na China, pois os estudantes já haviam liderado protestos significativos, incluindo os da Praça da Paz Celestial em 1989 e as manifestações mais recentes em Hong Kong.
“Desde a repressão da Praça da Paz Celestial, o governo chinês e seu PCC expandiram um sistema autoritário caro e elaborado, projetado para intimidar, censurar e até aprisionar cidadãos chineses”, informa o relatório da comissão.
A repressão do Partido Comunista Chinês à liberdade de pensamento e à expressão política não se limita às universidades chinesas. Por meio dos Institutos Confúcio e das Associações de Estudantes e Acadêmicos Chineses, o Partido Comunista age para censurar estudantes e acadêmicos de todo o mundo. O partido até já tentou ameaçar publicações acadêmicas ocidentais quando fazem publicações sobre tópicos delicados, como o Tibete.
* site em inglês