Enquanto em muitas democracias a posse de novos líderes acontece rapidamente, os EUA passam por um período de transição lento de 11 semanas.
No entanto, por mais lento que possa parecer, é mais curto do que os quatro meses que a Constituição originalmente destinava para a transferência de poder entre um presidente titular e um recém-eleito.
Agilizando o processo
O período original de novembro a março entre a saída e a posse de presidentes foi concebido no século 18, quando a movimentação de informações e pessoas em todo o país era um processo lento. Ao contrário de muitas democracias parlamentares, onde os membros do Gabinete são frequentemente oriundos do Parlamento, cujos membros vivem e trabalham na capital, a vocação política nos EUA está espalhada por um vasto país.
As dificuldades que os Estados Unidos sentiram durante a Grande Depressão ajudaram a convencer os líderes a fazer com que qualquer presidente recém-eleito tomasse posse o mais rápido possível, encurtando o período original de quatro meses de um presidente “pato manco” para menos de três meses. (O termo “pato manco” se refere a uma autoridade eleita cujo sucessor já foi eleito. Esse indivíduo está em uma posição politicamente enfraquecida.)
A 20ª Emenda, ratificada em 1933, estabeleceu 20 de janeiro como a nova data de posse. As eleições presidenciais continuam sendo realizadas no início de novembro.
“Leva tempo para reunir um Gabinete e todos os escalões superiores do governo”, disse Jeffrey A. Engel, diretor do Centro de História Presidencial da Universidade Metodista do Sul. “Cada vez que um novo governo presidencial se inicia, você tem que “cobrir o bolo com glacê”). O bolo é a burocracia permanente [e o glacê são os recém-nomeados e os membros do Gabinete]. Como qualquer padeiro sabe, você pode colocar o glacê em 30 segundos, mas o resultado pode não parecer ótimo.”

A democracia única dos EUA
Outra razão para os EUA manterem um período de transição de quase três meses entre presidentes é que, em vez de a eleição ser decidida pelo partido vencedor nas eleições parlamentares, o presidente dos EUA é oficialmente escolhido por um Colégio Eleitoral semanas após uma eleição popular. Embora isso signifique que os presidentes não possam assumir o cargo imediatamente, o vencedor declarado pode receber fundos para a transição e instruções do governo cessante.
Os próprios americanos apreciam o tempo de transição, pois o feriado de Ação de Graças cai logo após a eleição e é seguido rapidamente por Natal, Hanukah e outros feriados do período de inverno no Hemisfério Norte, disse Elizabeth B. Goldsmith, professora emérita da Universidade Estadual da Flórida.
Os EUA também são diferentes porque o presidente é tanto o chefe de governo quanto o chefe de Estado. (Imagine substituir o primeiro-ministro e a rainha no Reino Unido ao mesmo tempo.)
Por mais lenta que possa parecer a transição de poder, a mudança na Casa Branca é tão rápida em 20 de janeiro que requer uma equipe tática de funcionários públicos. O presidente que está de saída geralmente deixa sua residência na Casa Branca para participar da posse e o novo presidente se muda algumas horas depois. Elizabeth disse que centenas de funcionários começam a trabalhar de madrugada para que os 132 cômodos da residência privada e os espaços públicos estejam prontos para o novo presidente.
“Isso é feito a todo vapor”, disse Elizabeth, especialista em casas americanas. “Eles estão fazendo as camas, tirando as escovas de dente. Há muita coisa acontecendo nos bastidores.”