A prevenção contra o HIV e a malária entra no mapa

Elijah Karanja é estudante do ensino médio no Quênia. Ele espera que seu conhecimento sobre software de computadores e mapas ajude, em última instância, a prevenir o HIV e a malária.

Recentemente, ele e outros integrantes dos YouthMappers* (Mapeadores Jovens, em tradução livre) de Nairóbi usaram imagens de satélite para preencher informações geográficas em Nairóbi que nenhum deles conseguiria identificar em um mapa — até agora.

Esse experimento estava entre uma série de “mapathons*”, eventos para criação de mapas, realizados em toda a África e em universidades dos EUA durante este terceiro trimestre. Neles, voluntários como Karanja inseriram detalhes em regiões não mapeadas do mundo.

Os mapas são ferramentas úteis para prevenção e erradicação de doenças. Durante o surto de ebola na África Ocidental em 2014, o programa MapGive do Departamento de Estado ajudou pessoas o redor do mundo a preencher mapas inexatos e com falta de dados da região, a fim de que as pessoas que trabalham prestando assistência pudessem rastrear casos à medida que a doença se disseminava. O Plano de Emergência do Presidente dos EUA para Combate à Aids (Pepfar) e a Iniciativa do Presidente de Combate à Malária vão utilizar uma tática semelhante para ajudar a erradicar o HIV/Aids e a malária.

Gráfico de processo em três etapas mostrando como voluntários acrescentam detalhes a mapas a fim de ajudar em iniciativas de assistência (© Shutterstock/S. Gemeny Wilkinson)
(© Shutterstock/S. Gemeny Wilkinson)

Em um “mapathon”, os voluntários utilizam uma plataforma de software de código aberto denominada OpenStreetMap a fim de criar dados geográficos rastreando estradas e edifícios que veem em imagens de satélite e que não aparecem em mapas da região. Posteriormente, os parceiros identificam, quer seja à distância ou in loco, as estradas e os edifícios por nome e função, ou verificam esses detalhes. Finalmente, as novas informações são inseridas nos mapas em bancos de dados que os profissionais de saúde conseguem acessar.

Quando há uma falta de informações detalhadas e precisas que reflitam a infraestrutura da região específica, isso pode prejudicar iniciativas efetivas de saúde pública.

“Não podemos resolver os problemas se não soubermos onde estão”, disse Lawrence Sperling da Revolução de Dados para a Equipe de Desenvolvimento Sustentável da Pepfar, uma das várias organizações envolvidas nos “mapathons”. (Dentre outras organizações, temos: Iniciativa MapGive do Departamento de Estado, YouthMappers, grupos locais na África e a Corporação Desafio do Milênio, agência americana de ajuda externa).

Two maps, one with additional streets, buildings and other structures marked (© OpenStreetMap)
Estes mapas se referem a uma mesma localidade em Shinyanga, na Tanzânia. O mapa à esquerda mostra uma representação de Shinyanga com escassez de dados. O mapa à direita mostra os detalhes que os voluntários em um “mapathon”, evento para criação de mapas, acrescentaram (© OpenStreetMap)

Os “mapathons” deste terceiro trimestre sobre a Aids e a malária foram realizados no Quênia, na Tanzânia, na África do Sul e em Gana. Nos Estados Unidos, ele foi realizado na Universidade Rutgers em Nova Jersey, na Faculdade William e Mary na Virgínia e na Universidade de Tecnologia do Texas.

Os mapeadores trabalharam em tarefas que têm como alvo regiões sub-mapeadas que possuem uma alta incidência de doenças crônicas, as quais a Pepfar identifica antecipadamente.

Oxford Osei Bonsu participou do “mapathon” em Gana. Ele espera incentivar outros jovens a utilizar dados para projetos de serviço comunitário. “Vou incentivar meu povo a aprender a mapear”, diz Bonsu, que é coordenador de campanha do Centro de Liderança Regional da Iniciativa Jovens Líderes Africanos em Acra, Gana.

* site em inglês