
Para alguns profissionais da saúde, enfrentar os efeitos psicológicos da epidemia do ebola na Libéria é tão importante quanto a prevenção ou o tratamento.
Lutando contra a morte e os boatos
Boatos têm alimentado o pânico em relação ao ebola entre a população da Libéria, dificultando uma resposta à epidemia e o tratamento de outras graves doenças, afirmou Subarna Mukherjee, diretora da at Last Mile Health (site em inglês), organização não governamental conhecida na Libéria como Tiyatien Health. A organização foi fundada em 2007 por Raj Panjabi, à época médico no Hospital de Mulheres Brigham e na Escola de Medicina de Harvard em Boston. A organização trabalha na região de Konobo no sudeste do país, onde não houve registro de nenhum caso confirmado do ebola.
[quote_right] “Você se ocupa com suas atividades a fim de que não coloque em risco a si mesmo e aos outros.” [/quote_right]
Ainda assim, a desinformação é galopante, disse Subarna Mukherjee, e isso dificulta o trabalho do grupo. A organização Last Mile Health recruta, capacita e supervisiona os profissionais da saúde que prestam cuidados para as dez doenças mais fatais em aldeias remotas. Recentemente, os moradores têm tido medo de ver um profissional da saúde ou de ir até a unidade de saúde mais próxima porque ouviram um boato de que os profissionais da saúde matam aqueles infectados com o ebola.
Desde 18 de setembro de 2014, o vírus ebola, transmitido através de contato com fluidos corporais infectados, já matou mais de 2.600 pessoas na África Ocidental, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (site em inglês, espanhol e outros quatro idiomas). Cerca de metade das vítimas era da Libéria. Subarna Mukherjee, juntamente com outros integrantes da equipe dos EUA, foi evacuada da Libéria depois que a epidemia de ebola começou.

O medo relacionado ao ebola contém algum efeito positivo na medida em que faz com que as pessoas sejam mais cuidadosas, afirmou Lorenzo Dorr, profissional da saúde da Last Mile. “Você se ocupa com suas atividades a fim de que não coloque em risco a si mesmo e aos outros.”
A organização Last Mile planeja transferir suas operações se a epidemia ocorrer na localidade onde atua. Ela vai oferecer equipamentos de proteção descartáveis a possíveis portadores do vírus ebola, a fim de manter seguros seus cuidadores e suas famílias. Em meados de setembro de 2014, Panjabi, o fundador, partiu para a Libéria com o médico Paul Farmer e integrantes da organização internacional sem fins lucrativos Partners in Health, a fim de avaliar as necessidades imediatas.
Informação como remédio
Por enquanto, o grupo se concentra em cursos de reciclagem para seus trabalhadores acerca dos fatos relacionados ao ebola e das maneiras de dissipar os boatos de “uma maneira culturalmente apropriada”. A capacitação inclui os trabalhadores que não são da área médica, declarou Subarna Mukherjee, pois quando essas pessoas falam com suas famílias e vizinhos, isso representa “uma grande oportunidade para desfazer os boatos”.

A Last Mile quer continuar suas intervenções mais eficazes e que salvam vidas — tratamentos para pneumonia, malária, diarreia e desnutrição entre crianças menores de 5 anos de idade. Em 2013, cerca de 50 dos profissionais da saúde do grupo trataram mais de 20 mil pacientes. Porém, replicar esse sucesso não será fácil. A epidemia de ebola esgotou o rudimentar sistema de saúde da Libéria. Em 2014, a unidade de tratamento de saúde que a Last Mile operava possuía apenas dois funcionários, comparado a sete ou oito antes da epidemia.

Ajuda dos Estados Unidos
O presidente Obama está expandindo um plano para ajudar os países da África Ocidental a lidar com a epidemia de ebola e a combater a propagação do vírus ebola. O plano prevê o envio de cerca de 3 mil militares dos EUA (incluindo mais médicos e profissionais da saúde), hospitais portáteis, laboratórios e outras instalações médicas, bem como a expansão da capacitação para socorristas e outros profissionais da área médica. Até agora, o governo dos EUA firmou o compromisso de doar US$ 175 milhões em equipamentos médicos, suprimentos e assistência técnica.
Em 20 de setembro de 2014, uma remessa aérea de 100 toneladas de suprimentos médicos doados por grupos não governamentais, incluindo a Last Mile Health, saiu de Nova York para a Libéria e Serra Leoa.
Aprenda importantes fatos sobre o ebola e sua prevenção, para que você possa permanecer saudável e ajude a desfazer os mitos. Mantenha-se atualizado com notícias sobre o ebola dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (site em inglês e espanhol).