Esta estatística se tornou uma realidade para Adepeju Jaiyeoba, de 31 anos, quando ela perdeu uma amiga próxima de complicações no parto, em 2011. Muito comovida com a perda, decidiu entrar em ação.

Naquele ano, Adepeju criou a Fundação Brown Button**, organização sem fins lucrativos que capacita assistentes de parto em aldeias rurais da Nigéria. Até à data, a organização já formou mais de 8 mil assistentes, que, como as parteiras, prestam cuidados de saúde para gestantes durante a gravidez e o parto.

Mas Adepeju, advogada por profissão, percebeu rapidamente que as futuras mães de seu país precisavam de mais do que apoio, e suas assistentes precisavam mais do que capacitação. Em 2013, ela lançou o Kit de Parto da Mãe**, empresa social que fornece material estéril para o parto domiciliar. Cada kit custa cerca de US$ 5 e a empresa emprega cerca de 85 pessoas.

Adepeju diz o modelo Kit de Parto da Mãe não só está ajudando a salvar mulheres e bebês, mas também está trazendo renda para as pessoas que fazem e distribuem os kits. Mais de 20 mil kits já foram produzidos.

Ignorando as barreiras

Embora estes números revelem o sucesso dos esforços de Adepeju Jaiyeoba, eles obscurecem os desafios que ela enfrentou. Quando compartilhou sua ideia do primeiro kit de parto com um colega, Adepeju foi advertida para não desistir de seu emprego de prestígio como advogada. Mas depois de dois meses, Adepeju ficou inquieta e se aproximou de outra pessoa: seu irmão pediatra.

Por morarem longe de instalações de saúde, muitas mulheres nigerianas têm de contar com as parteiras tradicionais para serem atendidas (CDC global)

Com as economias feitas graças a seu trabalho jurídico e os conselhos profissionais de seu irmão médico, Adepeju criou 200 kits de amostra. “Enviamos amostras a diferentes comunidades e estávamos interessados em obter feedback para melhorar o produto”, disse ela. Logo ficou claro que as parteiras em outras partes do país tinham diferentes práticas e preferências.

Então Adepeju e equipe montaram um novo kit que esperavam que agradaria a maioria das nigerianas. Um ajuste foi incluir azeite de oliva — uma vez que muitas parteiras nigerianas, particularmente nas áreas rurais, passam óleo na mãe e no bebê para que tenham proteção espiritual. Agora que Adepeju tinha algo que sabia que as pessoas usariam, ela precisava encontrar uma melhor maneira de fazer o kit chegar até elas. Começou a repensar sua cadeia de fornecimento e como enfrentar o problema da infraestrutura carente da Nigéria. Com a subvenção da Fundação dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Africano, a equipe de Adepeju estabeleceu pontos de distribuição na Nigéria Central e Oriental. Agora, os kits de parto não precisam mais sair de Lagos, tornando-os mais acessíveis a pessoas em áreas rurais.

Uma proposta presidencial

A empresária nigeriana Adepeju Jaiyeoba se reúne com o presidente Obama (Casa Branca/Pete Souza)

Adepeju se tornou bolsista da Bolsa de Estudos Mandela Washington** em 2014 e tem usado suas amizades com outros bolsistas para expandir o alcance de sua empresa. Ela está trabalhando com o colega ganês Laud Ampomah Boateng para fornecer kits de parto nos distritos em todo Gana e a criar uma plataforma móvel focada em assistência pré-natal, educação dos filhos e infertilidade com o colega Jean-Patrick Ehouman, da Costa do Marfim.

Em maio de 2015, ela foi uma de cinco empresários emergentes convidados para lançar sua ideia em um evento da Casa Branca que apresentou o impacto das iniciativas do governo dos EUA. O evento também preparou o terreno para a próxima Cúpula de Empreendedorismo Global** no Quênia.

O evento proporcionou a ela a oportunidade de relembrar dos obstáculos que enfrentou. “Você pode realmente construir modelos de negócios em torno de problemas sociais”, disse ela.

* site em inglês, espanhol e três outros idiomas
** site em inglês