Alicia Kozakiewicz tinha 13 anos quando foi sequestrada de sua casa em Pittsburgh e levada a um “cativeiro” a vários estados de distância. Ela se lembra de estar encurralada no carro do seu sequestrador, esperando ser salva pela única outra pessoa que encontrou durante a viagem: um operador de pedágio.
“Eu pensei que [ele] iria me resgatar. Ele iria me ver chorando e iria reconhecer isso e perguntar o que havia de errado”, diz ela. Mas não o fez, e Alicia* passou dias no cativeiro antes de a polícia encontrá-la. Mas agora ela quer que as pessoas na posição do operador de pedágio saibam o que fazer se detectarem uma potencial vítima de tráfico de pessoas.
Milhões de pessoas são vítimas do tráfico de pessoas em todo o mundo, e os traficantes geram bilhões de dólares em lucros. Eles fazem as pessoas de vítimas do tráfico através da exploração de sexo comercial ou trabalho.
Trabalhadores da indústria do transporte — desde funcionários de lojas de conveniência em rodovias até pilotos de empresas aéreas — têm uma oportunidade única de denunciar o tráfico de pessoas no momento em que acontece.

“Você não precisa ser deslocado para se tornar vítima de tráfico, mas muitas vezes os traficantes estão transportando suas vítimas em um circuito”, diz Kylla Lanier, da Caminhoneiros contra o Tráfico*, organização sem fins lucrativos que ensina motoristas de caminhões comerciais a identificar e denunciar o tráfico de pessoas. “Eles estão levando [as vítimas] de trem, ônibus e avião. Portanto, o setor de transporte tem uma oportunidade extra de prestar atenção.”
Nancy Rivard, presidente da Embaixadores de Empresas Aéreas Internacional*, começou a ensinar os comissários de bordo a identificar o tráfico de pessoas em 2009. Em algumas semanas após o primeiro treinamento, um grupo de comissários de bordo identificou corretamente quatro casos de tráfico de pessoas em voos da República Dominicana para os Estados Unidos, um dos quais expôs uma rede de pornografia infantil fora de Boston.
“As tripulações de voo estão em posição de reconhecer [o tráfico de pessoas] porque estão com uma pessoa de uma a oito horas, enquanto um agente alfandegário pode ter somente dois ou três minutos para avaliar uma circunstância”, diz Nancy.
#TBT to last Thursday's article in ABS-CBN News about our AirAsia training in Kuala Lumpur! Such wonderful and… https://t.co/I4LkRXLFZ3
— Airline Ambassadors (@AirlineAmbIntl) August 24, 2017
AirlineAmbassadors: Relembrando o artigo da quinta-feira passada na ABS-CBN News sobre nosso treinamento na AirAsia em Kuala Lumpur! Que evento maravilhoso e… #TBT http://fb.me/SJYzGsak @AirlineAmbIntl
A Embaixadores de Empresas Aéreas Internacional realizou sessões de treinamento em 64 aeroportos de todo o mundo. Em 2017, a companhia aérea econômica AirAsia convidou a organização a liderar uma campanha com o objetivo de eliminar o tráfico de pessoas em seus voos.
Caminhoneiros contra o Tráfico e Embaixadores de Empresas Aéreas Internacional trabalham em estreita colaboração com os agentes locais de aplicação da lei nas sessões de treinamento, nas quais ensinam os participantes a entrar em contato com as linhas diretas nacionais a fim de denunciar possíveis casos de tráfico que observarem no trabalho.
“Queremos que eles telefonem imediatamente quando tiverem uma suspeita”, diz Kylla. “Na Linha Direta Nacional para Denunciar o Tráfico de Pessoas* é possível (…) fazer algumas perguntas, obter algumas respostas esclarecedoras e, em seguida, mobilizar os agentes de aplicação da lei imediatamente.”

A Caminhoneiros contra o Tráfico trabalha com parceiros no México e espera se expandir até o Canadá assim que o país lançar sua linha direta nacional contra o tráfico humano em 2018. Em breve, caminhoneiros em toda a América do Norte poderão denunciar casos de tráfico de pessoas que encontrarem na estrada.
Em setembro, a Embaixadores de Empresas Aéreas Internacional firmou uma parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. Juntos, eles esperam criar um padrão internacional para a prevenção do tráfico de pessoas em viagens aéreas.
Ambos os grupos trabalham com a agência de proteção de fronteiras dos Estados Unidos na luta contra o tráfico transnacional de pessoas, que integra a iniciativa de segurança de fronteiras do governo dos EUA. “Meu governo se concentrará em pôr fim à prática absolutamente horrível do tráfico de pessoas”, disse o presidente Trump.
* site em inglês
Você consegue detectar possíveis sinais de tráfico de pessoas?
- Parecer drogado ou desorientado.
- Seu companheiro de viagem falar em seu nome e não deixar que ele manipule seus próprios documentos.
- Tiver liberdade limitada para se deslocar sem supervisão.
- Tiver poucos ou nenhum pertence.
- Não souber aonde vai ou com quem se encontrará no destino.
- Sua história não coincidir com a história do companheiro de viagem.