Wyatt Tee Walker, que morreu em 23 de janeiro aos 88 anos, esteve ao lado de Martin Luther King, literalmente — em protestos e marchas por igualdade racial — e, figurativamente, como a força organizacional do trabalho em prol dos direitos civis de Luther King.

Walker desempenhou um papel fundamental ao assegurar que o mundo viu a “Carta da prisão de Birmingham*” de 1963 de Luther King, um dos documentos determinantes da era dos direitos civis, que estabelece a eloquente defesa de King de um protesto não violento contra a segregação racial.

Martin Luther King olha através das barras da cela de uma prisão (© Bettmann/Getty Images)
Fotografia 1967 de Walker de King na prisão de Birmingham (© Bettmann/Getty Images)

Depois que King foi preso em Birmingham, Alabama, em abril de 1963, por realizar marchas sem autorização, ele leu no jornal da cidade uma carta de líderes religiosos locais criticando os protestos. Sem acesso a papel em branco ou materiais de referência, King redigiu sua resposta em pedaços de papel de jornal e papel de rascunho.

Walker editou e digitou a carta de King depois que seus advogados puderam sair da prisão com  esses restos de papel ocultados. “Eu achei que era importante; parecia uma carta do apóstolo Paulo no Novo Testamento”, Walker nos contou em uma entrevista há vários anos. A carta “falou comigo”, disse ele. “O argumento é tão claro e incisivo.”

A carta de King da prisão de Birmingham foi amplamente publicada e continua sendo um testemunho do poder da livre expressão.

Como chefe de Gabinete de King, Walker ajudou a planejar a histórica Marcha para Washington em agosto de 1963, bem como muitos outros eventos que levaram a injustiça racial ao primeiro plano da política americana na década de 1960.

“Eu estava totalmente comprometido com a não violência e acredito do fundo do meu coração que, para que o movimento dos direitos civis provasse a si mesmo, suas ações não violentas tinham de funcionar em Birmingham”, disse Walker ao New York Times em 2006. “Birmingham era o local de nascimento e afirmação do movimento de não violência nos Estados Unidos.”

Tanto Walker quanto King voltariam a Birmingham em 1967. Desta vez, ambos foram presos por participar de protestos e compartilharam uma cela por cinco dias. Walker levou uma câmera escondida e tirou uma foto icônica de King (à direita).

Martin Luther King sentado à mesa, cercado por pessoas em uma conferência de imprensa (© Ernst Haas/Hulton Archive/Getty Images)
Wyatt Tee Walker (em pé, em cima, à direita) conduz uma coletiva de imprensa de Martin Luther King (sentado, ao centro) em Birmingham, Alabama, em 1963 (© Ernst Haas/Hulton Archive/Getty Images)

Um ministro ordenado, Walker pregou em todo o Sul e na Igreja Batista de Cristo Canaã no Harlem por 37 anos. Em 1994, Walker foi supervisor da primeira eleição aberta da África do Sul, em que Nelson Mandela foi eleito presidente, que acabou com o Apartheid, a política de segregação racial de longa data.

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