Por quase meio século, líderes religiosos como Madre Teresa de Calcutá e Billy Graham, além de escritores, intelectuais e cientistas — incluindo Aleksandr Solzhenitsyn e Freeman Dyson — ganharam o prestigioso Prêmio Templeton pelo trabalho que afirmava as dimensões espirituais da vida.

Agora essa lista ilustre inclui seu primeiro chefe de Estado: o rei Abdullah II da Jordânia, homenageado pela Fundação Templeton por fazer “mais em prol da harmonia religiosa no islamismo (ou Islã) e entre o islamismo e outras religiões do que qualquer outro líder político vivo”.

Ao aceitar o prêmio na Catedral Nacional de Washington em 13 de novembro, o rei Abdullah declarou que “tudo pelo qual vocês estão me homenageando simplesmente leva adiante o que os jordanianos sempre fizeram e como sempre viveram: em bondade, harmonia e fraternidade mútuas”.

O rei Abdullah disse que aprendeu na Jordânia o “islamismo da bondade e da misericórdia, não o da loucura e da crueldade”.

“Esse é o islamismo tradicional e ortodoxo que é a religião da imensa maioria dos muçulmanos ao redor do mundo — 1,8 bilhão de bons vizinhos e cidadãos que estão ajudando a construir o futuro (…) [e] defender o islamismo contra a subminoria maligna que denigre nossa religião”, disse ele.

Em 2004, o rei Abdullah fez um chamado conhecido como a Mensagem de Amã, que buscava esclarecer as mensagens essenciais e pacíficas do islamismo. Ele liderou esforços para contatar líderes cristãos e de outras denominações religiosas, e em 2010, propôs instituir a Semana Mundial de Harmonia Inter-Religiosa da ONU, agora celebrada anualmente em fevereiro. Os prêmios concedidos durante essa semana levam seu nome.

O Prêmio Templeton, de US$ 1,4 milhão, foi criado em 1972 pelo investidor e filantropo britânico , nascido nos EUA, Sir John Templeton. O rei Abdullah disse que vai destinar parte do prêmio em dinheiro para ajudar a renovar e restaurar sítios religiosos em Jerusalém, incluindo a Igreja do Santo Sepulcro, e vai doar o restante para iniciativas humanitárias, inter-religiosas e intrarreligiosas na Jordânia e em todo o mundo.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, e centenas de embaixadores, autoridades americanas e jordanianas, e líderes religiosos e civis participaram da cerimônia realizada na majestosa catedral.

“O rei Abdullah lança um apelo a todos nós para que façamos muito mais do que tolerar uns aos outros”, Guterres disse ao público presente. “Sua mensagem prega o respeito, a solidariedade e o amor. E espero que este prêmio aclamado ajude a espalhar essa mensagem (…) ainda mais amplamente.”