Rei do ‘blues do deserto’ empolga os fãs de música

Ele foi saudado como um dos melhores guitarristas de blues do mundo — o “[Jimi] Hendrix do Sahel”, segundo um recente perfil publicado no New York Times. Keith Richards, dos Rolling Stones, Robert Plant, do Led Zeppelin, e Dan Auerbach, da banda americana de blues-rock The Black Keys, estão entre seus fãs.

Seu nome é Omara Moctar, mas ele é conhecido por um antigo apelido, Bombino (derivado da palavra italiana “bambino”, que significa “menino”). Embora more em Niamey, capital de Níger, ele afirma que Agadez — uma cidade desértica no centro do Níger — é seu lar ancestral.

Dois guitarristas tocam instrumentos vestindo trajes do Oriente Médio (© Jack Vartoogian/Getty Images)
Bombino, à esquerda, toca com um integrante de sua banda. Talento, trabalho árduo e exposição ao mercado dos EUA impulsionaram sua ascensão como um dos músicos mais reconhecidos da África (© Jack Vartoogian/Getty Images)

Os riffs de guitarra fluidos de Bombino o levaram para tocar em casas de shows África Setentrional e Ocidental. E também em festivais de música ao redor do mundo, além de estúdios de gravação nos Estados Unidos em Los Angeles, Boston, Nashville e região norte do estado de Nova York.

Gravar nas principais cidades dos EUA foi uma manobra importante, que introduziu Bombino a uma rede cada vez maior de músicos e produtores influentes que fazem a divulgação de seu talento.

Conectar-se com o público é a sua maior recompensa, disse Bombino.

“Meu objetivo é fazer com que as pessoas sintam a alegria da música e dancem”, disse ele em francês ao ShareAmerica por meio de um intérprete. “Eu gosto de fazer as pessoas se mexerem. Isso é o que me motiva quando estou no palco.”

Raízes no deserto

Nascido tuaregue, um grupo de nômades berberes que percorreram os desertos do Saara e do Sahel durante séculos, Bombino aprendeu a tocar violão sozinho ouvindo fitas piratas de Jimi Hendrix e Dire Straits.

Durante seus primeiros anos no Níger, ele tocou com músicos locais e desenvolveu sua própria versão do “blues do deserto”, um gênero musical tuaregue que combina rock ocidental com um estilo regional de reggae e ritmos tradicionais.

Ele canta na língua tuaregue, tamasheq, sobre sua casa no deserto e sobre os rebeldes tuaregues que lutaram para preservar suas terras e sua cultura. Um ícone de longa data em sua terra natal, Níger, Bombino recebeu um grande impulso na carreira quando o cineasta americano Ron Wyman ouviu sua música e o convidou para participar de um documentário em 2010 (Agadez: The Music and the Rebellion – Agadez: a música e a rebelião, em tradução livre).

Colaborações com artistas famosos logo se seguiram, e o músico Auerbach, do The Black Keys, produziu um dos álbuns de Bombino em 2013. “Acredito que tudo isso ajudou a tornar as pessoas mais conscientes em relação à minha música e também ao povo e à cultura tuaregue”, afirmou Bombino.

Em busca de um sonho

Todos os álbuns de Bombino estão no topo da parada de “world music” do iTunes, e as datas de sua turnê se esgotam rapidamente. Mas o sucesso, para Bombino, significa promover valores tuaregues através de sua música.

“Os tuaregues são pessoas muito hospitaleiras e generosas, e há uma grande sabedoria em nossas antigas tradições que ainda praticamos hoje”, disse ele. A cultura tuaregue é conhecida por sua poesia e canções, sua estrutura social matrilinear e sua reverência a mulheres e idosos.

Para as crianças tuaregues (e outras) que desejam imitá-lo, Bombino tem palavras de conselho.

“Não deixem ninguém lhes dizer que vocês não podem fazer algo. Eu sou um exemplo vivo de que vocês não precisam de nada além de paixão e coragem para trabalhar arduamente a fim de fazer o que quer que vocês queiram fazer na vida.”