Relatório delineia a manipulação da mídia global por parte de Pequim

Outdoor instalado sobre prédio (© Johannes Eisele/AFP/Getty Images)
Foto do secretário geral do Partido Comunista, Xi Jinping, em um outdoor de propaganda em Xangai. O partido controla a mídia na China para promover sua imagem e mensagem (© Johannes Eisele/AFP/Getty Images)

O Partido Comunista Chinês (PCC) está gastando bilhões de dólares por ano em sua propaganda voltada para o exterior e esforços de censura, além de apresentar veículos de comunicação estatais como jornalismo independente, de acordo com um novo relatório.

Beijing’s Global Megaphone (Megafone Global de Pequim, em tradução livre), novo relatório da Freedom House publicado em 14 de janeiro, detalha como Pequim usa a propaganda, a censura e sistemas de distribuição de conteúdo visando controlar a opinião pública global no exterior.

A Freedom House, organização independente de vigilância dedicada à expansão da liberdade e da democracia em todo o mundo, anteriormente nomeou Pequim como a internet menos livre do mundo.

“Um Estado economicamente poderoso e autoritário está expandindo rapidamente sua influência em relação à produção e à disseminação da mídia”, disse Sara Cook*, analista de pesquisa sênior, que redigiu o relatório.

Propaganda

Mão segurando jornal dobrado (© Shutterstock)

China Daily, jornal em inglês, é um dos vários meios de comunicação controlados pelo Partido Comunista Chinês que divulga a propaganda do partido (© Shutterstock)

Um dos principais métodos do PCC para disseminar sua propaganda são os meios de comunicação estatais que são publicados no exterior e em vários idiomas, de acordo com o relatório, que estima que somente em 2009 o governo chinês gastou US$ 6 bilhões na expansão da mídia estatal.

Esses veículos fingem ser fontes de notícias independentes, enquanto realmente produzem propaganda do PCC. Nenhuma das páginas de mídias sociais dos veículos analisadas pela Freedom House “revela [sua] propriedade estatal ou controle editorial do PCC”. Segundo o relatório:

  • O People’s Daily se apresenta como “o maior jornal da China”, quando na verdade é o “porta-voz oficial do Partido Comunista Chinês”.
  • A Agência de Notícias Xinhua se autodenomina “o primeiro porto de escala para as notícias mais recentes e exclusivas da China e do mundo”, mas é realmente o “canal oficial de notícias estatal chinês”.
  • A Rede Global de Televisão da China (CGTN) diz que é o “canal de notícias 24 horas mais importante da China”, quando na verdade é o “braço internacional da emissora estatal Televisão Central da China”.
  • O China Daily se promove como “a principal organização de notícias em inglês da China”. No entanto, na verdade, é o “jornal estatal chinês em inglês”.
  • A Rádio China Internacional transmite para 14 países, geralmente através de intermediários de propriedade privada, mas é uma programação estatal do PCC.

Tuíte:
Freedom House: Você consegue identificar os meios de comunicação estatais patrocinados pela China em seus alertas (feeds) de mídias sociais ou enquanto navega na internet? https://freedomhou.se/ChinaPropaganda
@freedomhouse

Pequim censura notícias e mídias sociais na China há décadas, mas agora, como observa o relatório, “as autoridades chinesas começaram a usar sua influência econômica para silenciar reportagens ou comentários negativos” no exterior.

Distribuição de conteúdo

Para garantir firmemente o controle sobre a mídia e as mensagens, Pequim também está trabalhando para controlar os meios de distribuição, como redes celulares, estações de TV e plataformas de mídias sociais.

Ao controlar os meios de distribuição de conteúdo midiático, o PCC “abre portas para um novo nível de influência”, onde “os guardiões amigáveis ​​ao PCC estão agora posicionados” para controlar as notícias no exterior, diz o relatório.

Sara diz que essa influência mina “a transparência, o Estado de Direito e a concorrência leal”.

* site em inglês