Restaurantes McDonald’s na Alemanha: emprego e laboratório de idiomas para refugiados

Pessoas posam para foto em frente do símbolo do McDonald’s (Cortesia: McDonald’s Alemanha)
O McDonald’s Alemanha, a maior rede de restaurantes do país, tem funcionários de 125 países em sua equipe (Foto: Cortesia)

O diretor-executivo da rede de fast-food McDonald’s Alemanha nunca havia se reunido com a chanceler Angela Merkel até ela ter chamado os capitães das maiores empresas do país.

Mas o CEO, Holger Beeck, estava lá em setembro no Bundeskanzleramt (Chancelaria) porque o McDonald’s contratou mais de 900 refugiados, mais do que qualquer outra empresa presente à reunião. O tema da reunião foi a integração dos refugiados que fugiram da guerra na Síria e de outras condições terríveis.

“Não há espaço para xenofobia no McDonald’s”, disse Beeck. “Instruímos esses estrangeiros não apenas sobre o trabalho, mas sobre a cultura [alemã]. Eles aprendem sobre nós e nós aprendemos sobre eles.”

Por essa iniciativa, o McDonald’s Alemanha recebeu do secretário de Estado dos EUA o Prêmio de Excelência Corporativa 2016*, que homenageia filiais de empresas americanas que exemplificam os melhores valores empresariais e éticos americanos.

O McDonald’s já oferecia aulas de idiomas on-line e nos restaurantes para imigrantes de 125 países entre seus 58 mil funcionários.

Palhaço ao lado de homem (© Getty Images/Andreas Rentz)
O CEO do McDonald’s Alemanha, Holger Beeck, com o mascote da empresa, Ronald McDonald, em evento beneficente em 2015 (© Getty Images/Andreas Rentz)

“Temos uma longa história no McDonald’s de dar uma chance às pessoas”, disse Gabriele Fanta, chefe de recursos humanos.

O McDonald’s, que paga salários acima do mínimo federal, trabalhou em estreita colaboração com a Agência Federal de Empregos no recrutamento e na liberação da documentação para as permissões de trabalho.

Fouad Abou Meilek, gerente de um restaurante McDonald’s em Dätgen, estava trabalhando como tradutor voluntário de árabe em um centro de emprego quando conheceu Ahmad Sakka, 27, refugiado e também sírio. Por que não trabalhar para nós, perguntou ao ex-marinheiro.

Meilek se solidarizou. O ex-professor de matemática se mudou para a Alemanha em 1999 para estudar e conseguiu um emprego no McDonald’s. Ele gostou tanto que acabou fazendo carreira na empresa.

Sakka “é realmente um ótimo funcionário”, disse Diane Cichon, proprietária do restaurante. Ela contratou vários refugiados e frequentemente leva um professor de alemão. “É um grande prazer trabalhar com ele.”

Embora Sakka deseje voltar a ser marinheiro, ele manifesta sua gratidão pela ajuda do McDonald’s para que ele possa “dar o primeiro passo” no sentido de reconstruir sua vida.

“Começamos com os serviços mais fáceis sem necessidade de usar muito a língua. Pictogramas explicam o que eles precisam fazer”, disse Beeck. “Mas eles estão na cozinha com colegas que falam em alemão e em breve eles também falarão.”

Gabriele disse que, embora haja amplas oportunidades de promoção, “se eles nos deixam em dois anos por um emprego melhor, tudo bem também”.

“Acredito que damos uma grande contribuição à sociedade”, disse Beeck. Na reunião no Bundeskanzleramt sobre a iniciativa de integração de refugiados Nós Juntos**, “todos os presentes concordaram, inclusive Angela Merkel”.

Os outros vencedores do Prêmio de Excelência Corporativa 2016 são a Bureo e a Interface, que reciclam redes de pesca em skates e carpetes, a General Electric, por um centro de negócios formado somente por mulheres na Arábia Saudita; a Andela, que capacita desenvolvedores de software em Lagos, na Nigéria; e a Sociedad Minera Cerro Verde, majoritariamente de propriedade da gigante do cobre Freeport-McMoRan, que construiu uma estação de tratamento de esgotos usada pela cidade de Arequipa, no Peru, como parte de sua expansão.

* site em inglês
** site em alemão