Megha Vora inicia toda aula de autodefesa no ginásio de artes marciais de Mumbai ensinando as mulheres a gritar.
“Elas simplesmente não conseguem gritar”, diz Megha. “Disseram a elas durante a vida inteira que não podiam falar alto, que tinham de ser educadas, que não podiam retrucar. Então, em um determinado dia, quando estão em apuros, espera-se que elas gritem, o que não é muito justo.”
“Precisamos dar a elas uma voz própria”, afirma.
Megha é a principal sensei, ou instrutora, do Centro de Autodefesa para Mulheres* em Mumbai. O local, considerado um carro-chefe, foi cofundado por Megha e seu marido. É a primeira academia de autodefesa particular da Índia a oferecer aulas gratuitas para mulheres e meninas. Com nove localidades em todo o país, o centro treinou mais de 20 mil mulheres em autodefesa básica.

Lutadora faixa preta em jiu-jitsu, Megha adotou seu método de usar a força de um adversário contra eles para ensinar as mulheres sobre sua própria força, tanto interior como física.
Nas artes marciais, ela encontrou uma maneira de combater o sexismo que sentia enquanto mulher na Índia.

Megha era estudante universitária quando bateu em um rapaz de seu bairro que a ameaçou quando voltava da aula a caminho de casa. Isso aconteceu em apenas alguns meses após começar a ter aulas de karatê com um amigo. “Essa foi a primeira vez que senti o poder que tinha dentro de mim”, diz ela.
Megha viajou aos Estados Unidos como parte do programa de Mentoreamento Esportivo Global do Departamento de Estado dos EUA. Esse programa de intercâmbio junta atletas femininas de sucesso do mundo inteiro com as principais empresárias dos EUA. Julie Eddleman, que lidera o desenvolvimento de negócios mundiais para a Google com clientes globais, atuou como mentora de Megha.
“Acho que os aprendizes obtiveram uma base sólida sobre desenvolvimento de marcas, marketing e mídias digitais que vai ajudá-los quando voltarem para seus países de origem e implementarem seus planos de ação” a fim de melhorar seus negócios, diz Julie.
Megha trabalhou com a Julie com o intuito de construir uma estratégia para atrair patrocinadores corporativos que a ajudarão a ampliar o modelo de seu centro e, em última instância, expandir sua empresa para mil academias.
Anteriormente, patrocinadores em potencial rejeitariam a proposta de Megha alegando que a autodefesa das mulheres não fazia parte de sua causa. Depois de chegar aos Estados Unidos, os contatos profissionais que ela conheceu através de Julie ajudaram Megha a decidir adotar uma abordagem mais ampla ao enfoque adotado em sua empresa.
“Eu já estava trabalhando com o empoderamento de mulheres e estava trabalhando com o objetivo de aumentar a confiança dessas meninas, orientando-as sobre quais medidas legais elas podem tomar”, diz ela. “Naquele exato momento, me ocorreu que, sim, isso não pode funcionar tendo apenas autodefesa na agenda. Tem de ser todas essas coisas juntas e vou fazer tudo isso através da autodefesa.”
* site em inglês